Não parem as máquinas, exclamação! Nunca haverá tchau para Roberto Avallone

Todo mundo o imitava nos exageros. Exclamação. Mas Avallone é inimitável. Reticências.

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Porque mito. Mesmo quando pagou mico pelos remédios descompensados. Mesmo quando fazia merchan sem ânimo com a camisa que “às vezes eu visto”. Mesmo quando se deixava levar demais pela Sociedade Esportiva Jornalismo. Também porque a maldita luzinha vermelha televisiva prejudicou um pouco a carreira do texto excelente, do pauteiro criativo, do repórter inquieto, do chefe justo.
Meu primeiro no esporte em TV, em 1991. Meu parceiro de fila em 1992 até o 12 de junho de 1993. E no Mesa Redonda de 13 de junho, quando rouco de alegria, Avallone chamou um comercial, me cutucou e mandou o célebre: “Maurobeting – tudo junto -, vamos lá! Quando surge o alviverde imponente…”
E eu não acompanhei o Hino porque estava ao lado do vice corintiano Henrique Alves. Henricão falou: “pode cantar, vai…”.
Não cantei. Não era o caso. Era apenas paixão exacerbada de um apaixonado pelo que fazia muito bem feito.

Tem tanta história boa pra contar dele como parceiro de Gazeta e de Band que não cabe. Foi por ele que virei comentarista de TV em 1991. A saída dele da Rádio Bandeirantes me levou pra lá em 2003. Trabalhamos juntos na TV da casa até 2007. Aprendi demais nesses mais de 40 anos como leitor, telespectador e ouvinte. Como colega e chefiado. Como jornalista. E como palmeirense que sempre dizia que tinha um time "fora do ar". Não lá dentro.
Mas que não tinha como não saber qual era. Porque ele era transparente no que tem de melhor e pior. Porque era autêntico para o Palmeiras ou para o Mustafá. Chegou a ser persona non grata no clube. Pelas críticas e paixões. Mas posso dizer que será sempre pessoa física e jurídica gratíssima por tudo que fez, vírgula, por todos que deixa sem palavras.

Ainda bem que tem Alex Muller pra falar “da minha parte, tchau”, como o melhor imitador dele. Ainda mal como estamos que não teremos mais como discutir quando ele me perguntava algo, eu respondia, e ele não gostava dizendo que era “na sua opinião”. É claro que era a minha, Bob! De quem mais seria?

Avallone, contei no podcast que estreio na Corner algumas das nossas histórias. Uma que lembrei agora é quando vim de viagem de férias e cheguei na quinta pela manhã e fui direto pra Band. Pedi pra você apenas me perguntar no programa da hora do almoço algumas generalidades do Corinthians e não do jogo específico – que eu só sabia o resultado. E você mandou direto: “Mauro Beting, diga tudo que você viu do jogo de ontem”? E eu puto e querendo rir ao mesmo tempo e rachando o bico quando você lembrou do nosso combinado.

Só tenho coisas ótimas para falar de você. Porque era ao mesmo tempo alguém fácil de brigar e mais fácil ainda de gostar. Parece até o nosso time. Qualquer que ele seja.
Mas essa incandescente paixão é rara. Essa é pra poucos. Essa é pra você.
Da minha parte, jamais será tchau. Ou apenas o “ciao” italiano. O que é tanto chegada quanto despedida. Que é tudo que você representa pra mim. Minha chegada na televisão esportiva. Jamais o nosso adeus.

Não parem as máquinas. Em nome de outra.