O alto da glória

Foto: Agência Estado

Nunca houve tamanha falta de fé. Era sobra de lógica, na verdade. Sabíamos todos que era inviável. Não teria qualquer sentido que aquela história acabasse bem. O time, ruim. O momento, ruim. O elenco, pior. Não tinha casa, não tinha comando, não tinha quase nada. Restava um treinador honrado e um P no peito. O que mais precisa um palmeirense?

Cada momento foi uma conquista. Um jogo sem levar gol, cada bico pra onde o nariz apontava. Dividida era prato de comida. A grama, cama. Eles tinham dificuldades com a redonda, mas entregavam tanta alma que ela cuidava deles com carinho. Procurava a trave de não houvesse mais nossas mãos pra defender. Subia demais quando tudo parecia perdido. Era excesso de peso naquela camisa.

Entortou o varal e a Copa do Brasil inteira. A maior profissão de fé que o Parmerismo presenciou. Copamos o Olímpico, domesticamos o Green Hell. Se faltou a proa na reta final, marinheiros de primeira viagem colocaram a alma e cabeça no caminho da conquista. Se faltou magia, sobrou vontade. Se tivesse febre, vai com febre mesmo. Se fosse preciso perder a perna, posso apostar, eles perderiam, mas com o Brasil nas mãos.

Aquele Palmeiras não nasceu campeão, mas forjou-se como tal por ser desacreditado. Nunca duvide do poder de um gigante e seu povo. Não importa que os adversários fossem e de fato eram melhores, a contagem só crescia em campo. E, lá, tinha gente que entendia quem representava. Infiltração pra jogar era quase uma oração. Eles deram tudo, muito mais do que tinham, por nós. Pela missão.

General à beira das lutas mais improváveis, o velho mais verde que o Rio Grande produziu. Guerreou sem arma, com alma. Muita. Sangue nos olhos de quem já tinha conquistado o mundo todo. Porque tanto esforço? Porque, em suas próprias palavras, ‘porque foi Palmeiras’. Foi Luís Felipe. Foi na mão pesada. Ninguém poderia atrasar ou impedir, criticar ou desmerecer, diminuir ou repreender, quem nasceu pra vencer.

Palmeiras, campeão do Brasil.