O Divino e o futebol de botão
Final do BR-72. 23/12/1972. Palmeiras 0 x 0 Botafogo. Meus pais não me deixaram estrear no Morumbi do baixo dos meus seis anos. Minha tia Cecília teve de ficar comigo e comprar meus primeiros times de botão, na Eletroradiobraz da Avenida Nazaré. Palmeiras de Ademir da Guia x Santos de Pelé. Placar final: 7 x 0 Palmeiras. Com imparcialidade.
Arquibancada Botões Clássicos. 20/08/2018. Luciano me convida para jogar futebol de botão com o time da casa contra aquela mesma Segunda Academia dirigida por Oswaldo Brandão. E com a palheta nas mãos do camisa 10 daquele time. O maior jogador em 104 anos de Palestra, nos 76 anos de Palmeiras (batizado no ano em que Ademir nasceu). Filho do Divino Mestre, também Mestre e Divino pela genialidade e simplicidade. A mesma que encantou quem o viu jogando contra quem só veio pedir a bênção pela graça que nem em sonho imaginaria. Eu jogando botão com quem me fez ainda mais Palmeiras. Botão que me fez saber de cor o que até o coração de quem não é verde sabe que aquela Academia era Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca: Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei. Time que era rima que era seleção. Futebol de botão que me levou a aprender a ler a PLACAR, estudar times, futebol, história e geografia. A escrever sobre futebol. A ser jornalista de todas as mídias. A escrever livros, dirigir documentários, fazer museus, comentar videogame.
Tudo a partir daquele primeiro jogo de botão em 1972. Tudo para chegar e dizer “vai pro gol” pro Ademir. E eu não preciso ir pra mais lugar algum.
Obrigado, Divino. Obrigado, Luciano. Obrigado, futebol.TODO O EVENTO TEM NA NOSSA LIVE NO FACEBOOK DE SEGUNDA