O espírito dos 90. Palmeiras 1 x 0 Ponte Preta
Palmeiras já classificado como segunda campanha contra a Ponte Preta que merecia melhor sorte por ser a sexta da geral – mas eliminada pelo regulamento esdrúxulo. O promissor Vitão estreando, Leo Passos tendo chance depois de 40 anos na base, Lucas Esteves entrando no fim, Raphael Veiga fazendo o gol da vitória, Lucas Lima fazendo pouco, Carlos Eduardo de centroavante se lesionando, jogo que parecia se arrastar por 90 anos mais do que 90 minutos enquanto esperamos mais uma vez o Novorizontino vice paulista de 1990 nas quartas.
Mas o que teve de melhor na última noite de verão iluminado pela bela lua escondida pela chuva foi essa senhora de 90 anos no Allianz Parque. Nascida no ano do Crash da Bolsa de Nova York. Antes da ascensão de Vargas na Revolução de 1930. Quando o Palmeiras ainda era Palestra. Allianz Parque ainda era Parque Antárctica. A Ponte já tinha 29 anos. O Palmeiras ainda era debutante de 15.
Mas com o mesmo pique dela aos 90. Com o mesmo espírito nosso com 104 anos.
Foi jogo pra cumprir tabela e fechar ciclo. Chato. Monótono. Modorrento.
Pra ela, pelo visto, não. E é por ela que a gente precisa jogar e fazer mais. É pela eternidade que ela inspira aos 90 que temos que todos transpirar mais nos 90 minutos. Para chegar aos 90 anos como se tivéssemos 90 semanas. Verissimo já escreveu que não existe modo adulto e maduro de torcer. É isso. E quanto mais nos sentirmos como ela, por mais tempo seguiremos com nosso time de infância. Para todas as idades.
Ganhamos o jogo. Mas acho que todos vamos ganhar muito mais se soubermos vibrar assim nos 90.