O ídolo errado

Dudu tem todos os defeitos que um ídolo precisa ter. As coisas mais erradas e controversas que transitam intimamente pela idolatria e o ódio. Sabe como fazer tortuosamente o caminho rumo ao status máximo que um atleta atinge para com seu clube e seus leais torcedores. Dudu é esperto.

Mineirinho, soube como escolher o caminho a seguir em uma encruzilhada com opções à época mais confortáveis e garantidas.

Italiano por essência, buscou o improvável, gesticulou com as mãos como se soubesse que aquele trilho cheio de pedras poderia desaguar em futuros de sucesso. Ambicioso, não se bastava como um coadjuvante de grandes elencos, queria a difícil e engrandecedora missão de ser o cara, um pequeno gigante, de um gigante que dormia.

Irritado, briguento, insatisfeito. Pouco Palmeiras, não? Dudu sabe que escolheu fazer a vida entre um povo que é como ele, que tem ânimos exagerados, reações acima do tom, que vive tudo sob a máxima potência, escolheu aqueles que iriam comprar as discussões dele, que o defenderia a qualquer custo, mas que também criticaria, aquele “cá entre nós” quando fosse necessário, ato de quem cuida.

Dudu com seu pouco mais de pouca altura, agigantou-se sobre rivais, parecia um processo de super-herói quando se deparava com grandes adversários, grandes jogos. Tinha na feição um tom diferente, alguma coisa a mais do que o bom futebol que lhe é peculiar. Desequilibrado, viu escapar pelo travessão do Allianz Parque a chance da primeira conquista, mas desequilibrou dentro de casa, seu palco predileto, em favor da conquista histórica da Copa do Brasil, o turnpoint dessa década. Decisivo!

Capitaneou, de mente madura e ainda inquieta, o título brasileiro, uma missão com mais de 20 tentativas consecutivamente frustradas. Escreveu seu nome ao lado de homônimos mais velhos e craques de todos os tempos. Dudu não tem o talento de muitos deles, mas tem um bem que o palmeirense valoriza infinitamente mais, o respeito com a camisa que veste, a honra com o número que ostenta na camisa mais campeã do Brasil.

Parabéns, Dudu! Obrigado por ser tão Palmeiras assim.