O jogo da vida é dos nossos
A maior vitória da Juventus não foi quarta-feira em Londres, em Wembley, contra um Tottenham que foi melhor – ou não foi pior – do que ela provavelmente em 170 minutos de confronto. Menos nos minutos acumulados que deram no empate em Turim e na virada espetacular na Inglaterra.
A maior entre tantas vitórias do time mais amado e, por tabela, menos querido na Itália foi no dia seguinte, em Florença, na bela piazza onde fica a igreja da Santa Croce. Quando a Fiorentina é quem é de Florença foi prestar a última homenagem ao capitano Davide Astori, 31, morto enquanto dormia quatro dias antes. Quando jogadores da Juventus chegaram no meio da multidão para se despedir do companheiro não só de Azzurra. Mas de ofício. De amizade. Com o mesmo respeito com que Davide se doou a um clube onde atuou por apenas três anos como se fosse toda a vida. Onde não foi craque. Mas apenas “um dos nossos” como gritou a torcida.
É o que se pede no futebol e na vida. Ninguém precisa se perder, nem mesmo ganhar tudo. Não é preciso morrer. Muito menos matar. Mas pode se doar como se fosse a vida por uma camisa. Por uma causa.
Como fizeram os “odiados” (com e sem aspas) representantes da Juventus. Igualmente respeitosamente aplaudidos na praça de Santa Cruz como se fossem o que somos: uns dos nossos. Não precisa ser na dor da perda que a gente se reencontre com a gente, com o respeito, com a educação.
Um pouco mais de tolerância independe de resultados. Só depende do amor que essa gente tem pelo clube e pelo seu símbolo.
Não é preciso aplaudir um rival de um clube adversário. É apenas entender que tudo faz parte do jogo. Muito melhor e maior: da vida. (Os juventinos “inimigos” Barzagli, Chiellini e Buffon entrando na igreja de Santa Croce, em Florença)