O lance do Egídio contra a Chapecoense, em 2015

Texto que publiquei no meu blog então no LANCE!, em 5 de outubro de 2015

Dalai Lama, Madre Teresa de Calcutá, Papa Francisco, Velhinha de Taubaté, Dona Lúcia e quem acredita na inocência de Sepp Blatter também desconfiariam. Todos eles, e mais escoteiros e eleitores de Fernando Collor, têm sérias dúvidas a respeito da possibilidade de os delegados da CBF em Chapecó não terem recebido por celular a informação de que Egídio não cometera falta em Barbio na tunda chapecoense contra o Palmeiras por 5 a 1. Marco Antonio Martins, homem de apito, personagem sério do futebol, disse para nós, na Jovem Pan, que não.

Claro que não há a interferência externa na comunicação dos quatro árbitros. Evidente que não tem alguém vendo o jogo e cantando as bolas para eles pela intercomunicação. Não tem. Acho… Os árbitros brasileiros estão mesmo é se complicando sozinhos. Não precisam de “atrapalho” externo. Nem de ajuda íntima.

Mas em Chapecó não há como deixar de imaginar que os delegados da CBF souberam do equívoco do árbitro por algum recado externo. Receberam de alguém vendo pela TV a informação de que a expulsão era incorreta. E resolveram, então, contar ao quarto árbitro, que só depois chamou o árbitro, 2min30s depois da falta mal marcada e da expulsão injusta.

Humilde, o apitador corrigiu o erro. Mas quatro minutos depois?! Segundo o quarto árbitro, a eternidade se deveu à “falha no aparelho de comunicação”… Ou falha de outras coisas… Era só ter chegado próximo ao árbitro. Num lance como esse, o único que pode fazer o que quiser pelo campo é um membro da arbitragem. Não da comissão… Se o intercomunicador estava falhando, bastava o quarto árbitro andar até o árbitro e relatar o que ele “viu”… E lá do meio-campo… Longe do lance como também estava o atrapalhado apitador…

Muitas reticências. Muita resistência para corrigir um erro de mais de quatro minutos… É muita gente tirando da reta. É muito apelo à tecnologia. É muita falta de capacidade. Ao menos houve humildade do árbitro para reconhecer o erro. E, agora, espera-se que haja coragem para reconhecer que houve informação privilegiada de quem sem o direito. Cola indevida que gerou justificativas que não colaram.

O estágio deplorável da arbitragem brasileira chega a estratos risíveis. Ela erra até quando acerta. Ela é prepotente até quando admite o erro. Ela não sabe trabalhar no básico”.