O PALMEIRAS QUE PRECISA DE VOCÊS

Fotos: Sérgio Ortiz/ Forza Palestrina

  • Por Marcelo Mendez

O frio daquela tarde veio com um vento despedaçando sonhos como açoite.

Poderia parecer nada de muito grave. Afinal era só mais uma partida de futebol. Era só mais ano que me frustrava.

1985…

Eu tinha 15 anos em 1985.

Naquela altura da tenra idade, eu ja tinha descoberto os livros do Kerouac, o rock do Lou Reed, o cinema do Jarmusch, a paixão segundo os cabelos curtos e vermelhos da Cris. A única coisa que faltava, era o que mais impossível de acontecer me parecia:

Ver o Palmeiras ser campeão.

Naquela tarde de novembro, após uma chuvarada e uma derrota em casa para o XV de Jau, ao término do jogo não consegui sair do lugar. Me recusava a ir embora com mais uma derrota. O pai me tirou de lá.

Foi assim em 1986 contra Inter de Limeira, em 1989 contra o Bragantino, em 1990 contra Ferroviária, 1992 contra o São Paulo… um sofrimento pleno. E o que acarretou isso tudo?

Amor.

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A minha relação com o Palmeiras é de um amor pleno e inexorável porque eu não precisei de título nenhum para amar esse clube. Pelo contrário; Foi na miséria ludopédica plena, que esse amor se consolidou.

Nunca foi fácil.

Teve golpe pra tomar nosso estádio, teve o fascismo que nos fez mudar de nome, teve fila de 16 anos e o diabo.

Agora, depois de tudo, tem o Boca Juniors com um 0x2 pra Gente reverter. Vocês acham isso difícil?? Bem, se acham, por favor não cheguem perto da Arena hoje. Não liguem as TVs, não andem pelos arredores da Pompéia, não vistam Verde, não façam nada.

Se você que está me lendo aqui achar que isso é difícil, sinto muito, mas você não entendeu nada. Você não sabe do Palmeiras.

Todavia, se o amigo que leu, provocado por esse escriba, levará o seu grito para cancha, se você acenderá sua vela em cima da televisão, se você outro, irá no bar enrolado na nossa bandeira torcer, parabéns; O Palmeiras precisará de tudo isso hoje.

Hoje, o Marcelo que escreve aqui não é o Jornalista, Escritor de 47 anos de sonho e estrada. Hoje, quem está aqui é aquele moleque de 15 anos que chorou em 1985. Que ali aprendeu do futebol, da vida e do Palmeiras.

Um menino que no cômputo geral, foi muito mais feliz do que triste, vestido de verde. Vamos la, amigos:

Hoje, o Palmeiras precisa dos 15 anos de vocês…