O primeiro grito de Palmeiras no Allianz Parque: 27/9/2014

https://www.youtube.com/watch?v=biTLDisRgp4

https://www.youtube.com/watch?v=t51-mbxpDK8

Ha 115 anos foi construído o Parque Antarctica. Então o maior de São Paulo. Com uma área para a prática do esporte que começava a ganhar os campos de Piratininga: o futebol.

Há 97 anos, com o dinheiro do clube e de parceiros, o Palestra Italia comprou a área, na chamada “loucura do século”.

Há 84 anos, o clube inaugurou o Stadium Palestra Italia, com recursos de torcedores e parceiros.

Há 75 anos, o Palestra morreu líder e o Palmeiras nasceu campeão. Dois nomes, a mesma paixão, os mesmos ideais. Mais uma parceira eterna.

Há 53 anos, o clube ergueu o Jardim Suspenso pra elevar o nível do gramado à altura das duas Academias de futebol que nasciam.

Há 43 anos, meu pai me trouxe pela primeira vez ao Palestra.

Há cinco anos, na véspera do dia dos pais, seu Joelmir veio com os netos pela última vez à nossa casa. Foi o último passeio dele com os meus Luca e Gabriel antes de ele ficar doente.

Desde a noite de sábado de 27 de setembro de 2014, os nossos filhos, netos, bisnetos e tataranetos terão orgulho e inveja de nós termos pela primeira vez passado pelas catracas do Allianz Parque.

Daqui a 100 anos, eles dirão que nós estávamos presentes na inauguração da nossa novíssima casa.

Quando estivermos celebrando os 200 anos do Palmeiras. E o bicampeonato do campeão do século.

E por que não?

Começamos a ganhar o século XX a partir do primeiro título estadual, em 1920. Não por acaso no ano da compra do Parque da Antarctica.

Difícil era comprar e refazer um estádio, ganhar tudo que vencemos, e refazer uma arena.

Fizemos.

Refizemos.

Com o time unido. Com a torcida que canta e vibra por um alviverde inteiro. Com parcerias. Com Palmeiras. Com a Sociedade. Esportiva. Com todos juntos no lar onde tantas vezes nos desentendemos como palmeirense. Onde tantas vezes nos entendemos como gente.

Aqui é Palestra. Aqui é Palmeiras. Aqui começa o Allianz Parque. Um espetáculo à parte.

Nesta noite de 27 de setembro, com todos nós fazendo parte do show. Palmeiras que é coisa de cinema. Hoje é oficial. Uma história de amor no Dia dos Namorados que parece ficção. Mas é tudo verdade. É tudo Palmeiras!

“12 de Junho de 1993 – O Dia da Paixão Palmeirense.”

Vai começar o filme de nossas vidas.

A nossa vida é você, Palmeiras.

A nossa casa é o Allianz Parque.

(E foi mais ou menos isso que falei como apresentador na inauguração do novo estádio, naquela noite de sábado, já adaptando as datas, três anos depois).

Os 51 anos como palmeirense me levaram a ser jornalista esportivo há 27.

Jamais imaginei que poderia escrever 16 livros. Nove deles do Palmeiras. Um deles, o oficial do centenário.

Jamais sonhei fazer documentários.

Muito menos um longa para cinema.

Ainda menos um filme oficial do clube para o 12 de junho de 1993. E ainda o do centenário, lançado em 2016.

E o que dizer de apresentar a festa de inauguração do estádio?

E o que falar de, nesse evento, a atração principal ser o meu filme e o de Jaime Queiroz, montado por Abner Palma, produzido por Kim Teixeira e todo o timaço da Canal Azul, do meu amigo de infância Ricardo Aidar?

Meu pai tinha uma frase no vestiário do Palestra.

Falava de que como era impossível descrever para quem é Palmeiras. Como não dá para falar para quem não é.

Não consigo explicar para meus Luca e Gabriel o que foi puxar o primeiro grito de “Palmeiras” para os 3 mil presentes no primeiro evento na arquibancada que não existia à frente das piscinas.

Não consigo dizer para a minha Silvana o que foi olhar para aquela tribuna cheia e sentir o primeiro grito do estádio puxado por mim.

Não consigo falar para a minha mãe, meu irmão, cunhada e filhos o que foi chamar para o palco Evair. Levantando os braços e gritando e, o, e, o, Evair é um terror. Autor também do primeiro gol “celebrado” no novo estádio. Quando ele soltou o pé no pênalti de 12 de junho, e José Silvério soltou a voz na nova arquibancada, o Allianz Parque veio acima.

Evair foi o primeiro nome próprio entoado no nosso novo naming right: Allianz Parque.

Aliança que cantou o hino ao final da festa. Com o Calabar e a filha do mesmo 3 de setembro que um dia foi de Kita e Tato, em 2008. Pra sempre será de Luca e Luna. Com o Erich e a Ra. Com o Cecchini e a Carol. Com o Braga. Com o Paulo Sapo. Com tantos amigos de credo e de verde que estiveram em tantos jogos do Palestra. Agora estarão para sempre na partida do Allianz Parque.

Quando o amigo Marcelo pegou o microfone no final da exibição do filme e puxou o hino do maestro Totó. Cantado pela que vibra e que tinha se emocionado com o nosso filme. Com a superação da fila. Com o encanto da Via Láctea de Parmalat. Com o gol do Zinho. O pênalti do Evair celebrado como se fosse um eterno 12 de junho. Uma eterna Arrancada Heróica de 20 de setembro. Um 27 de setembro de 2014 agora inesquecível.

Jamais poderia sonhar com tudo isso. E imaginar quantas novas histórias teremos a celebrar na nossa casa. A contar para os nossos como se fosse ficção.

Mas é tudo realidade.

É tudo Palmeiras.

Mal dormi de alegria no sábado.

Mal dormi também no domingo.

Tive pesadelos nos dias e semanas seguintes do primeiro evento, com aquele que foi o pior time que vi do Palmeiras. Quase rebaixado no segundo jogo no estádio, em 2014.

Mas foi só um pesadelo depois de um dia de magia e alegria.

Escrevi, então, no blog que eu tinha no LANCE:

“Já sofremos tanto e demos a volta por cima. Vamos virar esse jogo.

Não sei como. Nem com quem.

Mas sei que se podemos erguer e reerguer nossa casa, com tantos problemas que criamos ou não resolvemos, se enfim vamos voltar para o lugar que é nosso, e só nosso, com nosso dinheiro e de parceiros nossos, por que não conseguiremos ao menos ficar entre os nossos, no lugar que é nosso como maior campeão nacional?

O nosso lugar é o velho Palestra. O nosso lugar é ser um time sempre de primeira.

Mãos e pés à obra.”

Em 2015, Copa do Brasil.

Em 2016, Brasileiro.

Em 2017, trabalhando.

E sempre sonhando