O velho Palestra e o Café de Londrina
O Estádio do Café parecia em 2018 o Palestra Italia em tarde de Palmeiras até 2010. Só faltaram as chaminés da Matarazzo que ainda estão atrás das arquibancadas do Allianz Parque. Não funcionam mais. Mas é como se ainda expelissem a fumaça onde tem fogo.
Chama que a gente atende, Palestra. Inflama que explica a força que clama Palmeiras.
Londrina parecia Perdizes. A torcida tórrida é a mesma. Corneta e comemora na mesma frase e fase. Parece que o time não presta mais. O que era deca amanhã ontem virou crise. O ídolo de 2016 é o ódio de 2018. Craque do enea é bagre do deca.
Tudo vira rápido. Cada jogo tem sua história e geografia. Mas de tanto parecer o Café o velho estádio da Água Branca por mimetismo, o mimimi da má jornada virou meme de preocupação exarcebada.
Menos… O que se pode emular sem muletas de desculpas aleijadas, e sem mulas de pensamento tacanho, é que o palmeirense paranaense se encontrou com o Palmeiras do Brasil.
Não só o líder do BR-18. Mas o time que é nosso em qualquer posição. Como o time da Letícia, mãe do Lorenzo, mulher do Danilo, goleiro da Chapecoense. Pela primeira vez ela voltou ao estádio em quase dois anos. Em nome do amor do marido que partiu depois de um jogo contra o Palmeiras dela, na decisão do BR-16.
(Ela conta como foi na foto abaixo)
Ela levou o pequeno Lorenzo todo de verde como ela pra ver o jogo que decepcionou como partida e placar. Como em 1985 contra o XV de Jaú no velho Palestra. Flamengo na Mercosul-99. Vasco no ano seguinte. Boca na Libertadores-01. ASA 2002. A goleada do Vitória em 2003.
Fracasso e vexames. Eliminações doloridas. Derrotas que deixam a Libertadores-99 mais saborosa. A Mercosul-98 mais vitoriosa. O espetáculo do SP-96. A virada do Euller-99. O SP-08. Tantos jogos que não esquecemos. Mais ainda os que não lembramos o placar.
Mas sabemos que estivemos lá. Fisicamente ou não. Como eu sei que o pai do Lorenzo, mesmo não sendo Palmeiras, deu uma mão à família no Café. Foi ele quem os levou a Londrina como levou seu clube pela América.
Essas histórias são as mesmas. Só mudam a geografia. Nem a arquitetura que faz do Café o velho Palestra que está dentro de nós.