Opinião: ‘Futebol é só um reflexo da distopia em que vivemos’
Enquanto amar custa uma fortuna, os clubes ficam isolados. Sozinhos e tristes. Dirigentes sorridentes na Europa ou Estados Unidos
É bate boca para lá, bate bola para cá. Um soco, uma porrada. Um xingamento, uma imitação de macaco. Um estádio vazio quando tinha de estar cheio, e outro cheio quando devia estar vazio.
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“Só vão parar quando alguém morrer”, não é? Quem nunca disse isso? E quanto já não morreram desde que o mundo é mundo, a bola é bola e o futebol é futebol.
As brigas são cada vez mais frequentes, cada vez mais sangrentas. Guerras entre torcidas porque o outro gosta do outro. E se o jogador não jogar bem, é pegar ele na rua e mostrar do que somos capazes.
Num dia de festa, o Rio de Janeiro sangrou. Com sangue de famílias, homens, mulheres. Tantos que viajaram e tantos que queriam ver a história ser feita.
No final viram, né? Isso se o olho não estava inchado demais…
O distanciamento é cada vez maior. O clube fica longe de sua torcida. Fica longe das massas e de quem o apoia dia sim e dia também.
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O torcedor não pode comprar uma camisa. Não pode ir a um jogo. Se não tem R$ 50, não entra no Allianz Parque, né? Porque o pobre que se foda, a festa não é deles nem para eles.
A festa que nós queremos em campo, outros querem no bolso. Com patrocínios chiques e juros altos, mais e mais reais na conta bancária a custas daqueles que diariamente são explorados e têm no futebol um escape. Ou tinham. E talvez nunca tenham de novo.
Porque o distanciamento não é só das arquibancadas, do torcedor ou coisa assim. É da humanidade. Enquanto eu ganho, o problema não existe. Tanto faz se o jogador do outro apanha covardemente no motel. São mais três pontos, porra!
E tanto faz todo o resto. Quem liga pra qualquer genocídio acontecendo com aval de jornalistas mal-intencionados e políticos. Tá lá longe, não muda nada para mim nem no campeonato.
Enquanto a vida tem preço, ninguém é livre. E ninguém vale nada para quem pode pagar.
Enquanto amar custa uma fortuna, os clubes ficam isolados. Sozinhos e tristes. Dirigentes sorridentes na Europa ou Estados Unidos.
E nada muda. Nem vai.
Mas quem liga?
Enquanto a gente se distrai, eles se aproveitam. E vão sempre nos lembrar que hoje tem jogo que vale campeonato.