Organismo Deca: Palmeiras de corpo, Felipão de mente
Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Não se trata de desmerecer o trabalho de Roger Machado. Se trata de ressaltar o tamanho da mudança que Luiz Felipe Scolari fez. Em 16 rodadas, o Palmeiras conquistou 26 pontos, totalizando 54% de aproveitamento dos pontos disputados. Era o quarto melhor ataque, ao lado do São Paulo e atrás de Flamengo e Atlético-MG. Era também a segunda pior defesa entre os oito primeiros colocados da competição, a frente apenas do Atlético-MG. A equipe estava na sexta posição quando a comissão de Felipão iniciou seu trabalho.
Nos primeiros 20 jogos comandando o elenco alviverde, Felipão não teve nenhuma semana apenas para treinamentos. A defesa, que já estava acostumada a ser vazada, levou apenas seis gols. Para se ter uma ideia da diferença, nos últimos cinco jogos oficiais sob o comando de Roger, o Palmeiras levou sete gols. Detalhe importante: tanto zagueiros quanto laterais se revezaram nas partidas, mostrando um sistema único, independente de quem jogasse, e seguro.
O Palmeiras conquistou o Decacampeonato brasileiro tendo apenas três semanas cheias de treinamento em toda a "Era Felipão". Tudo porque o trabalho também colocou a equipe nas semifinais da Copa do Brasil e da Copa Libertadores da América. Da 17ª rodada até a 37ª, Felipão fez a sexta posição se tornar um primeiro lugar, assim como fez o quarto melhor ataque e a sétima melhor defesa tornarem-se líderes em seus setores. Trabalho que também envolveu revezamento de atacantes, meias e pontas.
Os questionamentos ao elenco do Palmeiras antes da chegada do treinador sempre envolveu resultados abaixo do que pareciam possíveis com toda a qualidade disponível. Alguns questionavam contratações como Luan, que se tornou capitão do time com Felipão, enquanto não conseguiu se firmar com Roger Machado. Houve também quem descartou Deyverson como peça útil no elenco antes do treinador, mas precisou admitir que o atleta foi peça-chave no esquema utilizado para conquistar o título brasileiro.
O mérito do título precisa ser dividido entre todos os funcionários do clube, que se doaram e deram seu melhor. Inclusive com Roger Machado, que deixou ao atual treinador uma base do que poderia ser feito e do que não poderia ser feito. Tem méritos, sim, embora não tenha ficado até o final. Felipão e sua comissão técnica realizaram o trabalho que a diretoria gostaria de ver: confiança para todas as peças do elenco e, mais do que nunca, prova de que é possível montar dois times para disputar três competições com chances de título. Mais do que semanas para treinar, o corpo palmeirense (elenco) precisava de uma mente (Felipão) que mostrasse o tamanho de sua capacidade. Resultado disso: Palmeiras Decacampeão Brasileiro.