A ousadura da lançadura

Estava com muita dificuldade para encontrar o tema da crônica de hoje. E aí, então, pedi o auxílio do meu amigo Vinícius Bueno, também repórter da Rádio Bandeirantes. Quase juntos, quase no mesmo instante, olhamos um para o outro e pensamos no mesmo assunto: o lançamento do Felipe Melo. Digo pra vocês: beira o impressionante.

Felipe Melo pode até errar no exagero, na força física, nas palavras e no penteado. Pode errar no drible, na velocidade e, eventualmente, no tempo de bola. Mas jamais erra no lançamento. Ele acerta o milímetro exato, o cálculo minucioso, o segundo detalhado. Ele cria como poucos no futebol brasileiro. E é volante. É de uma precisão assustadora.  Bem, amigos, preciso admitir: Melo joga muito.

Felipe lança mais bolas do que a Nasa lança foguetes. Poderia ser a bola uma pioneira se Melo tivesse nascido antes de Neil Armstrong e quisesse a lançar em direção a lua, com seu pé direito. Chegaria rapidamente, quase que na velocidade da luz, na terra distante. Não há gravidade que interfira no passe longo do meio-campista. Não há tsunamis, tempestades, tornados e furacões que tirem o chute do pitbull do alvo. Que americanos e coreanos nunca descubram Felipe Melo e suas facetas. Seu lançamentos podem ser decisivos nessa briga.

Felipe lança mais do que Chitãozinho e Xororó, Leonardo e Bruno e Marrone criam CDs. Lança mais do que Anitta lança hits (pra não perder a deixa: vai malandra PÃN PÃN). Mais do que Rita Lee, Roberto Carlos e Gilberto Gil. E lança tão bem quanto os três últimos, o que torna Melo uma espécie de astro dos lançamentos mundo afora. Lança mais do que Mattos contrata.

Mais do que partidos lançam políticos. Mais do que a Apple lança Iphones. A Microsoft, atualizações. Mais do que o Twitter lança caracteres. Livros do que Paulo Coelho. Lança mais bombas do que a Alemanha faz gols. Do que marcas de refrigerantes fazem novas propagandas. Felipe Melo lança mais do que Catra tem filhos. Certo estava o jornalista Gustavo Soler, em sua análise mais profunda, sensata e equilibrada: ‘ele é o Gerson do novo século.’

É muita ousadura, tio.