Pais e filhos

Pai, neste domingo pela manhã fez seis anos que você teve um AVC. Uma semana inexata depois da queda pra B, em 2012, a doutora disse que você teve um “rebaixamento” de seu estado. “Brinquei” que mais um não dava. E então que vi que era grave. Você não se recuperou. Partiu na quinta, 29, comigo no ar, na rádio, e nosso mundo indo pelos ares.
Paizão, neste domingo à tarde, seis anos depois da partida definitiva do meu Babbo, 20 anos depois da preleção que meu pai deu aos seus jogadores antes da conquista da Mercosul-98, você conduziu sua grande família a mais uma conquista. A família que pode não ter defendido a sua volta. Pode não concordar com suas escolhas. Suas mexidas. Métodos. Sua escola. Seus gostos, seus jogos. Gestos, gestões. Pode achar antiquado. Bronco. Bruto. Sem repertório. Resultadista. Pouco estilo. Só estalo.
Mas paizão é assim. Paixão, também. Aqui posso não te defender. Mas não vou te atacar. Até porque isso tem gente de monte. De morte. Mote único. Pau no paizão. Pauta única.
Eles perderam. Alguns se perderam. E por mais que não concorde com tudo que você faz, paizão, sou obrigado a te obedecer. No final, de um jeito ou sem o menor jeito, você está certo. Ou dá certo. Acho que nem você sabe. Mas a bola sabe.
Hoje faz 6 anos que meu pai perdeu a consciência. Hoje, lá do céu onde tem 10 estrelas mais brilhantes, eu sei que ele sabe que aqui embaixo a família dele não só está muito feliz. Está mais protegida. Tem alguém para nos cuidar. Para nos defender. Muito consciente do que faz. E até do que rola sem a gente entender.
Tem um paizão como o nosso campeão pelo clube que o meu amor Silvana também torce. A minha noiva que só pôde pegar na mão do meu Babbo na véspera da partida dele. Quando os aparelhos que o mantinham vivo e contavam seus batimentos cresceram quando ela falou do nosso amor, do amor pelos seus netos, e do amor pelo nosso Palmeiras.
Babbo, é desnecessário explicar. Mas pra quem não é Felipão, é impossível.