Palmeiras acima de tudo, Palmeiras acima do Divino

Conheço Maurício Galiotte há 32 anos por jogar bola. Conheço Paulo Nobre há 21 por sermos palmeirenses. Gosto muito dos dois como palestrinos, amigos e presidentes.

Já discuti muito mais com o presidente Nobre do que com o presidente Galiotte. Já divergi dos dois quando juntos e separadamente. Situações já expostas. Outras que não conto porque não cabem, não interessam, não somam.

Com a idade aprendi que para ser eleito é preciso fazer parcerias com luvas. Para não deixar impressões digitais. Ou para não ser contaminado por material radioativo. Ou não morrer por causa do contato com coisas podres.

Os dois fizeram parcerias. Os dois pagam contas que não são apenas deles. Nobre teve vários problemas com parceiros. Brigas contornáveis e desnecessárias. Outras saudáveis e corajosas. Mas, como Galiotte, quase todas querendo mais e o máximo pro clube, não para eles.

Como presidentes acabam sendo avalistas dos processos e negócios. São “responsáveis” por alguns irresponsáveis que estão saindo e outros que estão chegando ao clube. Alguns deles até com boas intenções. Com um caminhão delas para distribuir ou retribuir.

Lamento o distanciamento pessoal e político deles. Compreendo que Nobre não conseguiria ser vice depois de ter sido presidente até demais algumas vezes. Ele não poderia ser o Andres de Galiotte. Como Galiotte poderia ter evitado o desgaste com ele de outro modo.

Como? Não sei.

Eu também estranharia o modo como Leila Pereira rapidamente tomou conta do Conselho. Como velozmente se candidatou a tudo. Como Paulo Nobre expôs na carta que eu, se fosse ele, teria publicado há alguns dias. Certamente amanhã. Não hoje, em dia de jogo decisivo.

Mas também entendo as razões e emoções. Ele ficou dois anos em respeitoso silêncio. Até por saber que há inegáveis méritos na gestão do sucessor. Ele também sabe
que isso não vai interferir no desempenho do time. Elenco e comissão técnica são mais maduros do que muitas jogadas políticas e pessoais.

Você pode dizer que eu também estou minimizando a questão pela amizade e respeito. Pode ser. Que passo mais uma vez pano por ser o meu clube. Pode ser. Que estou postando também para jogar água no dia do calor da luta que o Palmeiras aguarda contra o América. Pode ser. Que de tanto tentar ser isento e me manter afastado não me posiciono. Isso eu faço mesmo.

Mas um “isentão” como eu (que neste país sectário virou palavrão mesmo pra quem precisa tentar ser isento) também toma vários partidos. Ou melhor: apenas o mesmo, o Palmeiras. E, aqui, ainda mais, em nome da Sociedade Esportivo Jornalismo, o NOSSO PALESTRA.

Se fosse tão “isentão”, eu não teria sido processado por Mustafá Contursi, em 2007. O mesmo que viabilizou sabe Mustafá como a candidatura de Leila, o mesmo que era Nobre e deixou de ser, era Galiotte e também deixou de ser, é agora Genaro Marino (outro palestrino que gosto muito e conheço há 15 anos), e espero de coração que deixe de ser político no Palmeiras o quanto antes, depois de quase 40 anos de desserviços prestados.

Poderoso cartolão da época das vacas gordas da Parmalat que tudo conquistava – apesar dele. Presidente do ruim e caro que nos rebaixou em 2002. Da mentalidade (SIC) de que todo investimento é gasto para quem administrou o Palmeiras como se fosse uma lojinha de mentes secas e mãos molhadas.

O Palmeiras está em ótimas mãos. Se continuar com elas, ótimo. Se Genaro assumir, também promete ser ótimo como foi Paulo Nobre.

Questões de toda ordem afastaram os grupos. Mas são de boa índole e intenção os candidatos. O Palmeiras seguirá forte nos próximos três anos.

Ganhe quem vencer a eleição de sábado.

E espero de coração e cabeça que continue com o mesmo patrocínio e parceira além dele – independente do resultado da eleição. Os donos da Crefisa e FAM são palmeirenses como tantos, ricos como poucos, e cada vez mais políticos como tantos.

Que eles torçam por tudo que torcemos – Palmeiras.

Que eles torçam como torcemos – pelo Palmeiras, não pelo presidente do Palmeiras, nem pelo patrocinador do Palmeiras.