Palmeiras é a luz do Nickolas
- Mãe, como é o Corinthians?
- É o nosso maior adversário, filho. Não é só por a gente ter mais vitórias e títulos importantes contra eles. Não sei se é pelos 101 anos de jogos… É difícil explicar o que eles são.
- Mas mãe, você consegue sempre me dizer tudo que acontece e eu não consigo ver…
- Nickolas, você enxerga mais do que muita gente que eu conheço. Ainda mais no futebol. É só ver na TV que tem gente que parece ver o jogo com o fígado ou com o cotovelo… Mas é difícil explicar certas coisas para quem não é. É como você tentar descrever o que é o Palmeiras. Não é impossível?
- Não, mãe. Palmeiras é essa luz que eu não vejo mas eu sinto que tem. É essa energia que parece que deixa tudo meio ligado. É esse barulho que eu ouvi no gol do Deyverson e no jogo todo.
- Até no silêncio você sabe o que tá acontecendo, né, filho?
- Sim, mãe. Eu sei quando o outro time ataca. O ar fica diferente. Parece que tem um peso nas costas. Mas hoje não senti, não. Eles não atacaram o Verdão?
- Hoje foi diferente, filho. Eles não vieram pra cima. Ou nós não deixamos. Eles só nos atacaram numa confusão fora de campo.
- O que aconteceu?
- O Deyverson – que eu não consigo explicar direito para você o que ele é de verdade – deu uma piscadinha pro banco deles quando saiu e começou a discussão.
- Puxa. Eu adoraria ver tudo na vida. Mas tem gente que vê e não se enxerga, mãe.
- Filho, podemos ir embora?
- Só mais um pouco, mãe. Eu quero ficar mais um pouco aqui no estádio. Contra o Corinthians é diferente, mãe.
- Por que, Nickolas?
- Não sei falar. Mas eu sinto isso só de ouvir a torcida. Só de você me falar os lances. Eu não quero ir embora, mãe. Eu quero ficar pra sempre aqui.
- Filho, a gente não pode.
- Mãe, a gente pode. Tem gente que acha que eu não vi nada do jogo. Mas eu sei que vi muito mais do que aconteceu. O Palmeiras me faz ver o mundo mais legal. E é ainda mais da hora quando tem um time como o deles.
- É isso, filho. Rivalidade é a palavra.
- Eu acho que eu entendi o que é isso. Mas eu também não vou pedir pra você explicar, mãe. Não tem como falar e nem ver. É só sentir. E eu vou sentir isso pra sempre.