Espírito de porco
Há 3 anos foi o Palmeira de Goianinha, Rio Grande do Norte, que foi recebido no Allianz Parque. Agora, depois de eliminado pelo Palmeiras no Sub-20 na Copa São Paulo, e sem dinheiro para pagar as passagens para o Acre depois de ir além das pretensões na Copa São Paulo, o Galvez visitou o estádio palmeirense. Do clube e patrocinador ganhou bolas e chuteiras. E as passagens para voltar para casa.
O Palmeiras é o que falou Zé Roberto ao chegar. Gigante. Como foi na Gripe Espanhola, em 1918, atendendo no clube às vítimas da epidemia. Como foi na Arrancada Heroica de 1942, doando a renda do Pacaembu lotado às famílias das vítimas nos navios afundados pelo Eixo na Segunda Guerra.
Também tivemos momentos tristes, como a recusa da inscrição de dois atletas corintianos no SP-69 depois da morte em acidente de Eduardo e Lidu. Ali se pensou pequeno. Nem se pensou. Isso não se pensa.
Rival é para se tratar com respeito sempre. Adversário não é inimigo.
Para ganhar alguém precisa perder no futebol. Mas em situações como essa todos ganham. E muito.
Emoção pela atitude. E pela visita à sala de imprensa na arena que leva o nome do meu pai. Com o Felipe Senna guiando o elenco do Galvez, e mostrando a foto de um palmeirense que a primeira vez que dormiu em São Paulo foi no Pacaembu, num dia de Jogos Abertos, defendendo a cidade de Tambaú. Pacaembu onde seria vizinho numa pensão, anos depois. Onde me levaria ao estádio pela primeira vez, em 1973. Onde não poderia sonhar tudo que ganhou. Sem fazer ninguém perder.
Esse é o espírito do jogo e da vida. E do porco, também.