Palmeiras se fez com mais gente do que com mais dinheiro
Terceiro jogo decisivo da Libertadores de 1968 contra o Estudiantes. A Conmebol queria a finalíssima em Santiago. Campo neutro. Mas nem tanto no Chile usualmente rival figadal da Argentina. No país que seis anos antes torcera demais pelo futebol brasileiro, na Copa de 1962.
Montevidéu veio com proposta financeiramente tentadora. 800 mil cruzeiros para o Palmeiras aceitar o terceiro jogo no Uruguai. Do outro lado do Rio da Prata para a torcida de La Plata. Pincharratas do Estudiantes que acabaram sendo maioria na arquibancada do Centenário. Torcendo pelo time que venceu por 2 a 0 e ganhou a primeira das três Libertadores em sequência. A segunda derrota do Palmeiras em finais do torneio. Quando pensamos mais na renda que na Taça.
Em 1972, como postado no texto anterior, o Verdão bateu o pé. Exerceu o mando de campo e disputou o Choque-rei decisivo do Paulista no Pacaembu e não no Morumbi do rival. Empatou sem gols e com metade da renda que teria. Mas ganhou o primeiro grande título da Segunda Academia.
O anúncio na mídia da época da foto deste post explica o que fez – e muito bem feito – o Palmeiras, em 1972.
“O nosso objetivo maior é o título, não o lucro. As rendas passam. Os títulos ficam”.
Domingo, o mando é como o local do Derby. Nosso. Não se negocia. E está tudo vendido. Caro, como uma final pode pedir, mas está tudo comprado. Caro como também foi no SP-72. Mas quando a arquibancada passou de 7 cruzeiros para… 8 cruzeiros. Só isso.
Mas poderia ser mais barato no domingo, na quarta, em todos os dias. Não tudo em todo o estádio. Não é isso. O tíquete médio ainda pode ser elevado. Mas com uma garantia para quem não pode pagar mesmo por uma paixão que não tem preço. Ao menos 4 mil lugares do Allianz Parque poderiam ter preços menos proibitivos, mais palmeirenses.
Futebol se faz com dinheiro. Cada vez mais. Mas sempre se fez com mais gente. E jamais pode ser com menos.
O palmeirense vai lotar o Allianz Parque na final do SP-18. Mas deveria lotar também contra o Boca Juniors, pela Libertadores. Como já não levou toda a gente possível contra o Alianza Lima, na terça que passou. Sim, tinha chuva, tinha manifestação política, tinha salário ainda não depositado, terão três jogos importantes em sequência (e contra o Alianza era o de menor importância). Tinha tudo isso. Mas não podia ter só “aquilo” de gente – que já era bastante, mais uma vez, com mais de 30 mil.
Só que não pode o menos caro ingresso custar 180 reais. Não é assim que se faz o torcedor do futuro. Não é tirando gente e tirando ainda mais dinheiro dessa gente no presente nesse belo e caro estádio (que não precisa ter preços caríssimos) que vamos ser o que somos. Do Palmeiras. Do palmeirense.
As rendas garantem títulos. Mas a grande conquista a gente não pode perder e nem se perder. O grande patrimônio, a maior renda e o maior troféu de qualquer clube é a sua torcida. A guardiã de nossas cores, não a senha dos cofres verdes que a sanha pelas verdinhas não pode ser maior.
(LEIA O POST ANTERIOR a respeito da decisão do SP-72, quando o Palmeiras optou pelo troféu, não pela renda: Quando o mando de campo evita desmando, quando os troféus rendem demais http://nossopalestra.com.br/quando-o-mando-de-campo-evita-desmando-quando-os-trofeus-rendem-demais/ via @onossopalestra
E leia ainda mais o texto a seguir do João Gabriel. A distância do Palmeiras que não pode ser tão grande do palmeirense)