“Perdoe essas pessoas”: desafio dos 10

Semelhante, a frase que o ex-jogador Adriano, o Imperador, usava em uma camisa por debaixo dos panos no longínquo último título brasileiro do Flamengo traz uma mensagem muito mais relevante 10 anos depois do que teve na época. O desafio dos dez anos que tomou conta das redes sociais mostraria, nesse caso, que tudo o que se dizia necessário ao futebol brasileiro, o que se via como modelo viria, anos depois, ser a maior fonte de desinteligência propagada.

Velho nem tanto, mas a impulsividade do anti divino que lhe deu o apelido segue a mesma. Sugerir que um clube mente aos seus torcedores sobre detalhes internos sem que haja uma prova plausível não parece a melhor das escolhas. Seria melhor ter descido a rampa do Planalto às cambalhotas com a camisa do maior rival desse clube criticado. Não fosse o Vampeta.

O personagem existe e é celebrado. Engraçado, falastrão, sincericida. Tantas vezes campeão. Errada é a hora em que o quadrinho resolve usar seu cordel encantado que pensa ser um habeas corpus preventivo para que fale o que quiser, sobre quem quiser, a hora que quiser e sem ter meios para fazer a acusação. Ilações são perigosas aqui e no fantástico mundo do futebol. A justiça, ainda que por meios longos e tortos, ainda é a mesma.

Por todos os lugares, 10 anos depois, o assunto passou a ser sobre os perigos de ter dinheiro. Lembro bem que no nosso 2009 as dores eram enormes quando o Palmeiras não pôde segurar seu camisa 9 por não ter recursos suficientes. "Que desorganização. Mal podem pagar os atletas". Hoje, em um passo de mágica chamada austeridade, organização e seriedade, o problema torna-se poder. Ou o mundo está ao contrário ou a seletividade e o receio de quem não tem fez com que o poder viesse a ser o real inimigo.

Ao que me consta como jornalista em início de carreira, nunca assisti em meus almoços as mesas redonda falarem de forma tão quadrada sobre seus vencimentos e como o companheiro ao lado poderia rachar a reunião de pauta e desunir o grupo de redatores para pedir a cabeça do editor chefe. Talvez a juventude me cegue, mas parecem muito mais cegos por intenção os tantos que hoje gastam seu latim ao ladrarem sobre algo que não lhe dizem exato respeito. Ou supõe demais ou suspiram pela vontade de ser mais um nesse grupo que vai rachar.

Não procuramos na internet qual é o salário do repórter da televisão, do presidente do zoológico, do diretor da fábrica de panetones ou do faxineiro do restaurante de frutos do mar. Porque patrulhar os vencimentos de um profissional de futebol? O dinheiro investido não paga as contas de qualquer um além das do próprio clube. A cor da inveja tem sido também a cor do dinheiro.

10 anos depois, com mais pessoas que merecem perdão por serem tão ruins, ela é cada dia mais verde.