Não repetirei a cena, até porque já foi vista devidamente desde sábado. Na sala de TV do novo-velho reforço palmeirense para 2017, tem um porta-retrato do Felipe Melo esmurrando o uruguaio que covardemente o ameaçou na virada contra o Peñarol.
Eu iria comentar a curta (aleluia!) entrevista de Felipe Melo. Mas preferi rever o golaço de César Sampaio na semifinal contra o São Paulo, no BR-93. Ou o Dudu com duas costelas quebradas e ainda jogando por mais oito minutos no título paulista de 1972 contra o São Paulo. Ou o Dudu desmaiando na bolada do Rivellino na final de 1974 e logo depois voltando para a barreira onde caíra sem sentidos. Ou melhor: com todos eles.
Preferi ver o Galeano fazendo o gol da vitória nos 3 a 2 contra o Corinthians na semifinal da Libertadores-00. Adoraria ter visto o pênalti sofrido pelo Og Moreira na Arrancada Heroica de 1942. A falta que o Marcos Assunção colocou na cabeça do Betinho na Copa do Brasil de 2012. O passe de mais um volante (Wendel) para o Valdivia encerrar a semifinal do SP-08 contra o São Paulo. O Mazinho acabando com os 4 a 0 de 12 de junho de 1993. O Sampaio sendo o melhor em campo na decisão daquele paulista. Ele levantando aquele caneco. E o da foto, em 1999.
Tem o Zequinha que, como volante reserva, foi campeão mundial no bi em 1962. Tem o Mazinho que acabou como meia titular no tetra em 1974. Roque Júnior que tinha sido nosso e Edmilson que seria mais tarde nosso foram pentas em 2002 e jogaram um pouco na função que Felipe Melo desempenhou em 2010. Sem contar o Dino Sani campeão em 1958 que veio de nossa base. E o Dudu que poderia ter jogado em 1970.
Bianco lá nos primórdios. Fiúme que jogou sempre e em todas lá na cabeça da área. Luiz Villa. Pires. Batista. Amaral. Flávio Conceição. Não faltam cabeças de área de bons pés e ótimos corações. Todos honrando a cabeça, a área e a camisa. Todos com fotos melhores para o porta-retrato. Deles. E principalmente nossos.
A bola é sua, Felipe. Com responsabilidade. Em vez de ibope nas redes sociais e temas para palestras no Bope, jogue a sua bola.
O que eu quero ver no seu porta-retrato é você defendendo a sua camisa com responsabilidade. É nós defendendo sem precisar atacar. Sem ser atacado pela língua solta. Quem se enfiou nesse deserto foi você. Saia com as próprias forças. E sem mandar ninguém para a forca.