Idolatria muito mais do que técnica: Fernando Prass

Com certeza, lá em 2037, em uma mesa de baralho, ouvindo as musicas favoritas da década passada e rodeado dos já envelhecidos amigos, eu puxarei a conversa:

“Aquele era fora do normal, não é como esses de hoje em dia, não. Lembro bem que em toda defesa de pênalti que ela fazia, e não foram poucas, ele enchia o peito, agarrava o emblema da camisa e beijava com muito amor. Era inspirador”.

E foi assim desde o princípio. Escrevi coisas parecidas em pelo menos uma dúzia de vezes. Foi diante de Petros, de Lucca, de tantos que pararam em suas mãos. Hoje, já reserva, com os cabelos esbranquiçados, uma feição menos juvenil, mas ainda mais dedicada e amorosa às cores.

Fernando Prass extrapolou os conceitos técnicos e táticos. Erra como todos erram, mas acerta como quase ninguém. Sente a conquista, chora a derrota. Do banco de suplentes, vive os noventa e tantos minutos. Apoia os que precisam, celebra os que merecem. O último ídolo à antiga que não precisa de holofotes para sobreviver. Sua pedra fundamental é estar entre nós, é vestir a cinza, azul, amarela. A camisa do Palmeiras.

Armadura que o faz herói.

É absolutamente inspirador ver que alguém que já conquistou o que precisava ter, segue fazendo muito para estar preparado quando for requisitado. E como esse processo acontece de forma apaixonado, intensa, bonita, discreta, honesta, serena e competente. Seja na série B, seja pra erguer troféu, bater pênalti, pegar pênalti. Dar entrevistas quando ninguém quis, assumir a 1 quando ninguém conseguiu.

É mais um dia normal na vida de Fernando Prass, mas pra mim, creio que pra todos nós, é tão bonito quanto a primeira vez. A humanidade de falhar te faz ainda mais brilhante. O Palmeiras tem de ser grato por ter um de nós dentro e fora de campo, ano a ano, história por história.

Enorme. Gigante. Palmeirense.