Prass recorda trajetória da lesão que o tirou da Seleção ao jogo do título do Enea

Em último episódio da série "Fala, Prass", o goleiro contou sobre os altos e baixos vividos em 2016

Ídolo do Palmeiras e aniversariante do dia de hoje, 9 de julho, Fernando Prass recontou a trajetória de altos e baixos que viveu no ano de 2016. O vídeo faz parte do último episódio da minissérie especial “Fala, Prass”, em parceria com o Facebook, que retrata momentos de Prass no clube.

O goleiro, que havia sido campeão com o Verdão no ano anterior, inclusive marcando o gol do título, iniciou mais uma temporada na titularidade do time. Devido à sua boa fase, na metade do ano, o arqueiro foi convocado para a Seleção Olímpica do Brasil pela primeira vez em sua carreira para disputar as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

– Me perguntaram um tempo atrás se eu sonhava com Seleção. Eu falei que sim. Sendo titular de um time grande como o Palmeiras e ganhando títulos, eu tinha que sonhar com Seleção. Perguntavam de Seleção Olímpica, mas eu dizia que não, porque tinha os limitadores de idade. E aconteceu justo na mais improvável, né? – apontou Prass.

– Às vezes, parece até que eu participei de um reality. Eu falava que só ia acreditar que estava na Seleção quando fosse dar entrevista em frente àquele banner. Quando eu dei a entrevista, subi no meu quarto, peguei meu celular e vi minha foto lá, que eu tenho até hoje, eu falei “é verdade mesmo que estou aqui”. Eu parecia uma criança. Deite no quarto, abri a mala que tinha o uniforme e experimentei tudo – contou, falando da sensação de estar na Seleção.

O ex-dono da meta alviverde vivia seu auge qaundo foi chamado por Rogério Micale para integrar o time dos Jogos Olímpicos. Apesar de estar acima da idade, o jogador entrou em uma das vagas sem limitações. A grande expectativa de disputar o torneio estremeceu quando se machucou durante um treino na Granja Comary. Depois de um breve período de recuperação, retornou aos treinos com bola e chegou a considerar voltar a campo.

– Eu brincava com o Douglas, amigo meu e goleiro do Coritiba, que todo jogador de Série A tinha que, pelo menos uma vez na carreira, ser convocado pela Seleção e ir treinar na Granja, nem que fosse só pra tirar foto. Isso quando eu ainda jogava no Coritiba (2003-2005). E foi o que aconteceu comigo. Eu fui lá, treinei, tirei foto e acabei tendo a infelicidade de me machucar e não poder jogar.

– Foi na Granja Comary ainda. Num treino eu bati o braço no chão e inchou. Não senti dor, mas inchou. Eu não senti dor em momento nenhum. Fui tratando e começou a melhorar. Desinchou, comecei a ganhar mobilidade. Fiz um treino na véspera do jogo contra o Japão, sem cair, mas já com bola. O Micale me falou para ficar tranquilo e que eu só iria jogar se quisesse, porque ele me queria pronto para a estreia. Pedi para fazer o aquecimento já com chute e, se fosse, tranquilo já voltava a treinar normal. – revelou o goleiro.

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No entanto, a melhora não se confirmou de fato. A decepção mesmo veio quando Prass estava prestes a retornar a campo no amistoso de preparação contra o Japão. No aquecimento da partida, o arqueiro ouviu um barulho de fratura e foi conferir com os médicos a gravidade da situação. Após exames, certificou-se que o braço havia quebrado e, portanto, ele desfalcaria a equipe além de ficar afastado dos gramados sem previsão de retorno.

– Tinha o prazo, então não adiantava enrolar os caras e chegar nas vésperas das Olimpíadas e não passar no teste. No fundo, eu sabia que estava quebrado. Mas não podia voltar para o Palmeiras com essa dúvida. Voltar a jogar em uma semana pelo clube e deixar de jogar uma Olímpiada. Falei: “eu vou”. Pelo menos, eu tiro a duvida da minha cabeça e também não arrebento com os caras de ficar sem poder inscrever mais alguém nas Olimpíadas – iniciou.

– No aquecimento, quando estiquei o braço fez um “plec”. Também não senti dor, mas desci para o vestiário e falei com o massagista do Palmeiras que tinha quebrado o braço. Ele chamou o doutor para ver. Aí veio ele, o Neymar e o Rafinha. Eles me pediram para ter calma, falando que era só um susto. Eu mostrei e eles viram que tinha quebrado mesmo. Aí tive que fazer exame numa clínica de ressonância. Fiquei até as três da manhã, porque tinha que anexar o documento e enviar para o Comitê Olímpico deixar inscrever mais um jogador – concluiu sobre o episódio.

Ao final da conquista do ouro brasileiro no futebol, vários jogadores homenagearam Prass com uma camisa com seu nome e número expostos na celebração. Emocionado, o goleiro também fez um relato dizendo que não guarda mágoa, nem reclama de ter ficado de fora das Olimpíadas por entender que havia um propósito por trás daquilo.

– Quando eu oro, eu agradeço e peço para que proteja as pessoas que mais gosto e que traga para mim as coisa ruins. Se tiverem que acontecer, que não aconteçam com eles e sim comigo. Minha família estava viajando de carro. Quando eles estavam lá, eu estava treinando e quebrei o braço. Às vezes, a gente pede tanta coisa e, quando acontece, você reclama. Por isso, eu não reclamo. Eu acredito que tenha sido alguma para o bem – confessou.

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A lesão no cotovelo direito tirou o jogador de quase toda a segunda metade da temporada. Depois de alguns jogos sem o goleiro, o Palmeiras encontrou Jailson como substituto. O novo dono da posição assumiu a meta com muita personalidade e foi fundamental na campanha vitoriosa, saindo invicto dela.

No jogo do título do Brasileirão, um campeonato que não era vencido pelo Verdão há cerca de 22 anos, Prass foi relacionado e esteve no banco até o final da partida. Com o time vencendo e com as duas mãos na taça, Cuca, o técnico do time à época, substituiu Jailson pelo camisa 1 em um gesto simbólico que marcou aquela conquista.

– Eu botei na cabeça que tinha que quebrar todos os protocolos para estar no jogo do título. Acabei conseguindo treinar na véspera para estar junto e me sentir campeão em campo. Agradeço ao Cuca, que teve esta sensibilidade de entender o que eu tinha passado. Foi um momento legal para mim e para o Jailson. Eu, por poder cumprir a meta que tinha traçado. Meu propósito após a lesão era estar em campo. Pro Jailson também, porque era um momento de homenagem. Foi difícil para ele. Não tinha jogado Série A ainda. Entrar em um momento de desconfiança com 22 anos que o Palmeiras não era campeão. Nós conseguimos – declarou o ídolo da torcida palmeirense.

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