Ramires no Palmeiras e o limite entre exagero e planejamento
Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/ Divulgação
Ramires no Palmeiras reacende uma questão que não precisa de muito esforço para virar pauta. Ele é o 33º jogador do elenco. O 13º meio-campista, o 7º volante. Existem duas possibilidades para se discutir o assunto: Ir pelo caminho do exagero ou pela vertente do planejamento.
Pensando na forma que o time é escalado atualmente, é inviável pensar nos 11 titulares sem a dupla Felipe Melo e Bruno Henrique. O primeiro, de contrato recém renovado, faz a sua melhor temporada com a camisa do Palmeiras. O segundo, capitão do Deca, só perde para o atacante Dudu em jogos disputados em 2019 – 29 x 26. Homens de confiança de Felipão.
Como opções à dupla, Thiago Santos e Moisés, que prefere jogar de volante (onde teve melhor desempenho no Palmeiras, em 2016, ao lado de Tchê Tchê). Além deles, Jean, que atuou apenas três vezes no ano. E Matheus Fernandes, reforço de mais de 15 milhões de reais, que entrou somente em dois jogos.
Não bastasse a falta de espaço, já bem preenchido pela qualidade técnica dos jogadores citados, existe um "pequeno" detalhe chamado tempo de contrato. Como já dito, Felipe Melo renovou seu contrato recentemente. Idem para Jean, Thiago Santos e Bruno Henrique, no começo desta temporada. Moisés em agosto de 2018. E o reforço Matheus Fernandes.
Para apresentar um panorama mais claro, veja a lista de volantes por ordem de jogos em 2019 e o tempo de contrato respectivo:
Bruno Henrique – Jogos: 26 – Vencimento de contrato: 12/2023
Felipe Melo – Jogos: 25 – Vencimento de contrato: 12/2021
Moisés – Jogos: 19 – Vencimento de contrato: 12/2021
Thiago Santos – Jogos: 17 – Vencimento de contrato: 12/2022
Jean – Jogos: 3 – Vencimento de contrato: 12/ 2020
Matheus Fernandes – Jogos: 2 – Vencimento de contrato: 12/2023
Taticamente satisfeita, contratualmente resguardada. A "volância" do Palmeiras, pensando pelo caminho do exagero, não precisa de Ramires. Um jogador que pouco atuou nas últimas temporadas e que vem do futebol chinês, com ritmo e cultura totalmente diferentes. Ele não vem para ser titular. E não vem por um salário pequeno. Sem falar que o espaço para os jogadores da base fica cada vez menor. Exagero!
A não ser que… Planejamento!
Alexandre Mattos e a diretoria de futebol podem estar se antecipando e, como gostam de repetir, aproveitando uma oportunidade de mercado para preencher um espaço que pode eventualmente se abrir. Novo e pouco aproveitado, não seria estranho ver Matheus Fernandes emprestado. Mais experiente, porém encostado, Jean é outro nome que poderia sair.
Moisés, em 2018, renovou seu contrato após sondagens do Pyramids – mesmo time que tem Keno e que perdeu Rodriguinho em 2019. Um time onde o dinheiro sobra. Mais uma vez no campo da suposição, pode haver uma nova investida egípcia e o Palmeiras perderia seu camisa 10. Sem o reserva imediato de Bruno Henrique, Ramires cai como uma luva. Contratar um jogador com ampla experiência europeia, com passagem pela Seleção Brasileira e sem gastar um centavo para repor uma vaga que ainda vai se abrir?
Que planejamento incrível!
É o que se esperaria da diretoria de um time equilibrado financeiramente. É o que se esperaria de um time que quer ser campeão. É o que se esperaria de um clube com pessoas competentes o suficiente para fazer essa leitura de mercado como é o Palmeiras.
Admitir que já tem jogadores adequadas para as necessidades do treinador ou repor a altura alguma possível saída. É o que temos que esperar para ver. A pausa para a Copa América será determinante para responder a questão: Ramires no Palmeiras é exagero ou planejamento?