Recomeçando. Palmeiras 4 x 0 Fortaleza.
Esse bolo de papel molhado é o que restou de algumas das minhas anotações “raiz” ou “orgânicas” ou “vintage” de Palmeiras 4 x 0 Fortaleza. Primeira transmissão da TNT/Esporte Interativo do Brasileirão. A primeira da história da TV brasileira com um comentarista no gramado. Atrás da meta. No Gol Sul. O que até 2010 era das piscinas do Palestra.
E fui eu que comentei. Molhado como se pulasse do trampolim no passado. Que honra e alegria. E que chuva que começou dois minutos antes de eu e Taynah Espinoza entrarmos na Live nas redes sociais do Esporte Interativo ali na marca de escanteio dessa meta, lá pelas 17h. Chuva que só parou mesmo três minutos antes do final do jogo. Cinco antes de o capitão Bruno Henrique marcar seu primeiro gol em 2019, o quarto da goleada sobre o campeão da B que não jogou bem e levou os primeiros gols nos últimos seis jogos, o gol 250 do Palmeiras no Allianz Parque. Coroando a melhor sequência da equipe em 2019.
Não por acaso depois de 18 dias só treinando. E mesmo tendo jogado até a madrugada de sexta em Arequipa. E mesmo perdendo Ricardo Goulart. Mas achando Zé Rafael pela esquerda para abrir o placar, marcar mais um, e dar o passe para outro.
Quatro a zero. 250 gols desde 19 de novembro de 2014. Quando o estádio foi inaugurado comigo como mestre de cerimônia. Hoje fiquei atrás da meta como nunca havia trabalhado em jogo do Palmeiras. Vi Weverton e a zaga muito bem de novo. Ele, Jailson e os amigos Oscar e Thales se aquecendo antes do jogo. Marcos Rocha, Zé e Bruno fazendo gols. Felipe Melo muito bem. Deyverson crescendo. O Palmeiras encorpando.
E eu, repito, como criança vendo meu time jogar. Comentando o time do meu amigo Rogério jogando menos do que pode. E ao mesmo tempo pensando na minha mulher trabalhando no Rio, meus filhos por São Paulo, minha mãe com medo do jogo, meus amigos me cornetando, nossa torcida com imenso carinho e respeito comigo.
E ainda mais com o cara que dá nome à sala de entrevistas do Allianz Parque ali dando aquela força de sempre. Como ele me orientou em dezembro de 1994, quando fui convidado para ser comentarista do SporTV (onde ficaria até 1997): “vai, Mauro. O futuro é esse. TV por assinatura”.
Fui, voltei, fui, voltei, fui, voltei. Mudei que não sei mais.
Mas como a gente não sabe mesmo o que é o futuro, curto o presente que André, VSR, Monique, Fragoso, Bassols, Vítor, Diego, Fábio, chefes, colegas e amigos me deram de estar ao lado deles na transmissão histórica.
Aquela em que eu estava atrás da meta do Gol Sul. No mesmo canto onde em setembro de 2014 eu apresentei o primeiro evento do estádio: a pré-estreia do meu primeiro documentário, com Jaime Queiroz. O de 12 de Junho de 1993. O dia da paixão palmeirense.
Onde hoje eu estava em campo havia em 2014 um palco. Lá eu subi e puxei o primeiro grito de PALMEIRAS para 3 mil pessoas no Allianz Parque. Todas gritaram e viram um filme de um 4 a 0 histórico de 1993.
Hoje o 4 a 0 talvez não seja tão histórico para o Verdão. Mas para mim e para nós, a história começou hoje.