Sair da zona de conforto requer paciência e resiliência
(Foto:Cesar Greco/Ag.Palmeiras/divulgação)
O anseio por um futebol mais ofensivo e vistoso fez o Palmeiras optar pela volta do técnico Vanderlei Luxemburgo para comandar essa mudança de filosofia no futebol do clube. Passados três meses, desde o início do trabalho do novo comandante, o Verdão mostra novas ideias dentro de campo e ao mesmo tempo algumas dificuldade de adaptação.
A costumeira falta de paciência que caracteriza o futebol brasileiro faz muitas vezes alguns treinadores abdicarem de suas ideias em busca dos resultados. No Palmeiras, as vitórias tem sido recorrentes nesse início de ano, com uma boa pontuação no Campeonato Paulista e a vitória na primeira partida da fase de grupos da Libertadores, contra o Tigre, na Argentina. Alguns erros táticos na equipe, porém, tem sido notórios, assim como as criticadas atuações.
Não é fácil mudar o estilo de jogo de uma equipe que estava acostumada com um modelo reativo, buscando primeiro a marcação e, depois, sair em velocidade em busca do gol.
Para efeitos de comparação, no clássico contra o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro 2019, em uma das últimas partidas sob o comando de Mano Menezes, o Palmeiras finalizou apenas oito vezes ao gol, cinco delas de forma errada. Na estreia da Libertadores foram 14 finalizações, sendo cinco delas direcionadas ao gol. O número de passes corretos da equipe aumentou consideravelmente em relação ao ano passado também. Nesse início de trabalho de Luxa, a equipe troca, em média, cem passes a mais do que no ano passado.
É cedo para fazer uma avaliação dessa nova metodologia de trabalho, haja vista que o elenco ainda requer algumas peças e que, os grandes desafios da temporada começam em abril, com a fase final do Paulistão. Por outro lado, é certo que a tão esperada alteração no estilo de jogo do Palmeiras está sendo colocado em prática e, como em qualquer mudança, requer adaptação, insistência e paciência para colher os frutos.
Alguns jogadores estão se adequando a novas funções e ocupação de espaço dentro das quatro linhas. A ideia de Felipe Melo como zagueiro foi vista com receio na pré-temporada, mas após algumas partidas o camisa 30 vem crescendo de produção e formando uma zaga sólida ao lado de Gustavo Gomez. Zé Rafael mostrou-se uma opção interessante como segundo volante. Dudu, provavelmente não será um meia armador, mas essa nova função pode possibilitar ao camisa 7 ter mais liberdade dentro de campo e menos preocupações defensivas.
A missão de Luxa, no momento, é tornar o time mais compacto, facilitando a recuperação da posse de bola e ajudando na armação das jogadas ofensivas, para que haja um espaçamento tão grande entre os setores. Além disso é necessário encontrar o melhor encaixe das peças disponíveis do elenco para a composição do time titular.
O Palmeiras de março ainda não é o time que torcedor e comissão técnica almejam para 2020, mas, daqui há alguns meses poderá vir a ser. Para isso é fundamental paciência. Do time e do torcedor.