Se precisar quebrar..

‘Eu me quebro tudo de novo, mas eu não vou perder pra essa Ponte Preta nem a pau’. As palavras emocionadas e cheias de sangue nos olhos que São Marcos desferiu no vestiário do velho Palestra Itália, às vesperas de subir pro jardim suspenso e erguer a taça do Paulistão daquele ano. Doze anos depois, a ponte é a mesma e o objetivo, também. E, se pra vencer, for preciso se quebrar?

Quebrar o preconceito, quebrar os paradigmas, quebrar os costumes, quebrar as birras, quebrar a cara. Quebrar as barreiras, quebrar as sensações, os certos e errados, mas vencer. Transpor o diferente e amar o semelhante por alguns dias para que, depois das pontes, o caminho leve à glória, você consegue? Você topa?

‘Não lutamos iguais a filhos da puta para morrermos agora’, disse quem comandava lá e agora comanda aqui. Depois de tanto. Depois de tanta saudade, de tanta nostalgia, expectativa, adrenalina, raiva, amor e Palmeiras? Deixar de lado agora? Você fez tanto, quis tanto, esperou tanto. Não é digno. É preciso lutar. Unir. Fechar. Conectar. Dar a mão em prol de nós. Do verde e do branco.

As palavras de Pierre que emocionaram pela intensidade. Que até se embaralharam no coração que comandava a língua e vertia pelos olhos. Elas tem que redigir essa nova versão de laços e abraços pela conquista. É falar menos com a razão, com a mágoa, com a diferença e com a exigência e deixar explodir o que trouxe cada um de nós até aqui. É pensar menos e sentir mais. É desarmar para celebrar.

E se for preciso, a gente quebra, chora, sofre e reúne
mas não foge, não desiste, não entrega, não abre mão

tem que ser, junto, para ser campeão.