Segundo tempo, o filme
"Segundo tempo" é o tocante filme de Rogério Zagallo que encerra a trilogia iniciada com "Primeiro Tempo" e que passou por "Intervalo" até chegar ao tempo final de todos os tempos e templos palestrinos e palmeirenses.
O filme acaba no recomeço no Dia da Bandeira de 2014. Ele se permite sentir (e na acepção italiana de "sentire" como "ouvir") até a primeira conquista no Allianz Parque, um ano depois.
São 10 anos hoje desde o último jogo no Palestra Italia, em maio de 2010, contra o Grêmio. Quando o filme começa a contar a história de quem mais jogou, de quem melhor jogou, de quem mais gols marcou, de quem mais frequentou o estádio que, em abril de 2020, completa 100 anos da aquisição pelo clube.
"Segundo Tempo" retrata com emoção e rigor o Palestra que elevou os Jardins Suspensos em 1964 até ser demolido em 2010. A construção pedra a pedra até 2014. As dúvidas e dívidas pagas com juros de amor e correção futebolística por quem jogou e por quem faz de nossa casa o nosso lar, doce Palestra.
Zagallo admite que o ritmo do filme é lento. E tem que ser. Quatro anos longe de casa pareceram décadas. 90 anos de história contada pelo Oberdan que nasceu um ano antes da compra em 1920 também não é rápido. Mas quando é necessário acelerar a narrativa e mostrar a grama sendo plantada (justo nos dias em que ela será implementada como sintética em 2020), as imagens passam rápido. Como se fossem o filme que nos passa pela memória revendo o corredor do velho Palestra. Os vestiários onde tinha a frase do pai. Os cimentos cobertos de amendoim. Os pênaltis do Evair e do Marcos. Os gols do Maluco. O Divino abençoando nosso lar. Os donos do pedaço palmeirense sentindo cada centímetro de concreto amado.
"Segundo Tempo" é bela obra de um apaixonado com nome de craque e Lobo. Zagallo com espírito de porco e alma de periquito.
Um filme sobre a nossa casa para ver no cinema. Porque parece mesmo coisa de cinema.
E é. E ainda melhor: é tudo verde de tão verdade e esperança.