Ser Palmeirense. A necessidade de seguir cantando e vibrando
É…
A eliminação da Libertadores ainda dói.
Para ajudar nisso, ainda teve o empate contra o Vasco em clima de uma ressaca absurda. Não anda fácil a vida nossa de palmeirense. Em uma quarta-feira agitada de Copa do Brasil, por exemplo, nosso peito era só desolação.
Então se passaram os dias, veio essa manhã chuvosa de sábado, e enquanto passo um café penso nisso tudo, do porque continuar insistindo em torcer em um jogo que será jogado domingo à noite em casa, contra a Chape e tudo mais.
Alguns goles de um bom café me clareiam as idéias pra falar disso tudo. Simples:
Tenho 46 anos de idade. Sou brasileiro, comedor de tabule, fã do Lou Reed, apaixonado pelo The Clash, jornalista, escritor e rocker. Mas antes de saber de tudo isso, muito antes, em minha mais tenra idade eu tinha uma única certeza na então recente vida:
Que eu era Palmeirense.
Esse tipo de coisa você de alguma forma já nasce sabendo, melhor; nasce sentindo.
Porque futebol é isso. Sentimento.
O Palmeiras faz parte da minha vida há 46 anos. Nesse tempo todo, vi desde o Deda e Darinta afundarem esse meu time, ao Mario Sérgio com a 10 jogando o fino, até a fase áurea (que minha idade me permitiu viver) dos anos 90 quando a Parmalat montou um time que entraria para história, vencendo três paulistas, dois brasileiros, uma Copa do Brasil e uma Libertadores.
Evair, Edmundo, Alex, Mazinho, Roberto Carlos, César Sampaio, Antonio Carlos, Edilson, Rincón, Zinho, Marcos, Rivaldo, Alex, Djalminha entre outros marcaram esse período.
Pelo Palmeiras eu ri muito e chorei muito.
Não tenho o menor medo de dizer que as minhas mais sinceras lágrimas, só me escorreram a barba pelo meu Verde de Parque Antártica. Claro que amo, amei e fui amado.
Mas é diferente.
De alguma forma, o amor é um sentimento lógico.
Quando você ama sua mulher, imediatamente vem a coisa do respeito, da divisão, do ceder espaço ao amado, da compreensão, do entendimento, do equilíbrio, coisas que alguns entendem como vital para que esse amor perdure, ou seja: é uma racionalização.
Paixão não…
Quando estou apaixonado, eu não tô nem aí pra nada! Esqueço de pagar a internet, a conta de luz atrasa, alguém me visita, lembra “pô, o ralo da pia da cozinha tá entupido?” e eu respondo “Deixe assim, entupido é lindo!!!””
Na paixão num tem essa de dividir, respeitar, ceder, entender, equilibrar, compreender porra nenhuma! Quero tudo pra mim! Quero minha mulher para mim o tempo todo, tudo meu, amando o dia todo, que se danem as horas, as responsabilidades o mundo!!!
EU TÔ APAIXONADO!
Claro que isso passa.
Acaba.
Se amor que é amor é para sempre, paixão que não acaba nunca foi paixão. E aí que tá a beleza do futebol!!!
A única forma de paixão que não acaba é justamente a paixão do torcedor pelo seu clube de futebol de coração. Qual outra explicação? Que amor resistiria há um clube que fica 16 anos na fila sem títulos como o meu? E o respeito? “Eu só te dou amor e em troca vêm essas decepções? E POR 16 ANOS?!?!” Que amor resiste a isso? Que lógica?? Seria divórcio na certa e briga por pensão das bravas!
Mas não… O torcedor é um eterno apaixonado.
Como tal, estarei nas tribunas para empurrar o time contra a Chapecoense. Sem Evair, mas com Deyverson que seja, isso não é novidade para quem vive esse sentimento que falei por toda uma vida. Sim, um revés como o que tomamos na libertadores dói. Mas a vida segue…
Força, palmeirense!
Esse Verde precisa de você…