Primeiro técnico de Gabriel Menino ‘previu’ convocação para Seleção Brasileira
Cria da Academia começou no Guarani aos 13 anos de idade
Em 2014, Gabriel Menino recebeu uma mensagem no seu Facebook. Era o seu técnico, Gustavo Nabinger, enviando uma foto da camisa da Seleção com o nome do garoto de 14 anos, acompanhado de um pedido: “Quero te ver com essa camisa”.
Hoje, Gabriel Menino é o dono do meio de campo do Palmeiras e agora possível futuro lateral-direito da Seleção Brasileira. Isso deve-se muito aos olhos de Gustavo, treinador que deu a primeira oportunidade para Menino, no sub-14 do Guarani.
Gustavo, que hoje não trabalha mais no Bugre, se recorda com muito carinho da época em que descobriu um dos maiores talentos da geração nascida no ano 2000 do futebol brasileiro.
Confira a entrevista com o primeiro técnico de futebol da carreira de Gabriel Menino, convocado por Tite para os jogos contra Bolívia e Peru, nos dias 9 e 13 de outubro, respectivamente, pelas Eliminatórias para a Copa de 2022.
NP: Quando você viu o Menino jogar pela primeira vez, imaginou que ele viraria jogador?
Gustavo: Quando a gente vê o jogador na base a gente tenta sempre imaginar que ele vai chegar no profissional. Claro que o caminho é muito longo, principalmente nas categorias mais novas. Gabriel chegou no Guarani com 13 anos, em 2013. Então, era muito tempo para a gente conseguir cravar isso. Mas obviamente que se via potencial nele, por isso que ele foi aprovado no teste.
NP: Quando e como você percebeu que ele deveria jogar mais adiantado?
Gustavo: Ele chegou como zagueiro pra fazer avaliação e logo depois eu já adiantei ele. Ele sempre teve uma facilidade muito grande pra driblar, chutava muito bem de fora da área, visão de jogo. Eu achava que ele tinha características pra jogar mais adiantado. Primeiro o coloquei como volante, depois meia. Cheguei até a ter a ideia de usar ele como ponta/extremo. Ele sempre conseguiu manter a bola com velocidade. Quanto mais ele tivesse perto da área era melhor, mas ele também fazia muito bem a saída de jogo. Ele era o cara que pela capacidade técnica e física, jogava em qualquer posição praticamente. Em 2014, usei ele como lateral-direito pela primeira vez. Era uma lacuna que a gente tinha no sub-15, via que ali era uma oportunidade pra ele jogar com mais frequência, mas ele sempre jogou mais como meia.
NP: Qual a característica do Gabriel que você mais gosta em campo?
Gustavo: A característica que eu mais gosto dele é a coragem. Ele joga sem medo. Ele não tem medo de arriscar, de driblar, sempre com inteligência. Ele não é um jogador burocrático, que só dá passe pro lado. Ele tem capacidade e consciência e usa isso ao seu favor, sem medo.
NP: O Gabriel parece ser um menino muito focado e humilde. É diferente de alguns atletas que sobem e já se deslumbram. Você vê ele assim também?
Gustavo: Ele sempre teve uma relação muito boa com a bola. Ele era um cara que acho que se busca em qualquer profissão. Ele é apaixonado pelo o que faz. Ele tem uma paixão pelo jogo muito grande. Ele jogava em todos os campeonatos de escolinha de Morungaba e Itatiba. Todos os campeonatos que tinha ele estava. Inclusive quando ele já estava na base, na folga ele ia jogar pelada na cidade dele. Ele tem uma paixão pelo jogo muito maior do que pela fama, pelo sucesso e pelo dinheiro. A principal motivação dele nunca foi o externo. Ele gosta da bola, do jogo.
NP: Como você o achou em Morungaba?
Gustavo: Na época que eu estava no Guarani, a gente tinha uma relação muito próxima com o projeto dos Bugrinhos de Morumgaba e outras cidades do interior. Já tínhamos o Léo Furtado que era de Morumgaba, aí apareceu o Gabriel Menino e mais alguns atletas de lá. O Gabriel veio para fazer avaliação. Ele já estava se destacando na cidade. Toda semana a gente tirava um dia pra trazer jogadores pra fazer peneira na categoria sub-14. Numa dessas, o Gabriel apareceu para não sair mais.
NP: O Tite o convocou como lateral-direito. Você acha que ele pode se firmar nessa posição?
Gustavo: Ele tem características que permitem jogar de lateral. Se a gente for lembrar da Seleção de 82, do Flamengo com Júnior, Leandro, eles já faziam esse movimento por dentro e de construção. Daniel Alves também deu sequência nessa linhagem. Eu imagino que ele pode jogar muito bem por ali, mas eu vejo ele com características muito positivas pra jogar no centro do campo. Ele tem o drible curto, usa bem as duas pernas, chuta muito bem de fora, é um cara que sempre busca o passe para frente. Ele tem uma boa capacidade de desarme. Eu acho ele muito completo em termos de habilidades. No meio potencializa mais o jogo dele.
NP: Qual foi a sua reação ao saber da convocação? E aquele primeiro gol como profissional na quarta. Vibrou muito?
Gustavo: Fiquei feliz demais pela convocação, já havia ficado muito feliz quando ele foi convocado pro Sub-20. Tenho uma conversa com ele no Facebook em 2014, eu mandei para ele a foto da camisa da seleção com o nome e o número dele. Dizendo que eu queria vê-lo na Seleção. E ele não acreditava. Ainda achava que precisava acreditar mais nele. Eu sempre dizia: “tu tem condição de jogar em altíssimo nível”. E o gol contra o Bolívar eu vibrei demais também. Para as pessoas que estão trabalhando na base, o maior título que a gente pode ter é ver os meninos que a gente viu crescer brilhando no profissional, atuando em grandes equipes, até chegar na Seleção. Esse deveria ser o grande título na formação de um atleta.
NP: Você tem contato com ele até hoje? Gostaria de deixar algum recado especial pra ele?
Gustavo: Eu falo com ele eventualmente pelo Instagram e as vezes através de alguns amigos em comum. A última vez que nos encontramos pessoalmente foi na final do Paulista de 2017. Ele já estava no Palmeiras e eu estava na Ponte Preta. Ele sempre foi um garoto muito humilde, cabeça no lugar. O recado que eu tenho pra ele é que ele continue acreditando nele, nos sonhos dele, buscando cada vez mais crescer, porque tem um futuro muito grandioso pela frente.
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Gustavo ainda recordou uma súmula de um amistoso do Guarani com a Seleção Brasileira Sub-15, quando Gabriel Menino atuou como lateral-direito. Na ocasião, o Brasil bateu o Bugre por 4 a 0, com show do atacante Vinícius Júnior.
Gabriel Menino chegou ao Palmeiras em 2017, ainda com 15 anos de idade. Neste ano, a diretoria alviverde pagou R$ 400 mil reais ao clube de Campinas por mais 10% da cria.
Menino tem contrato com o Palmeiras até 2024 e o Verdão possui 80% dos direitos econômicos do atleta de 19 anos. Os outros 20% são do Guarani.
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