Três não é demais – mas não agora

Três anos de mandato com direito a uma reeleição me parece o melhor modo de administrar um clube como o Palmeiras. Dois é muito pouco. Três não será demais se a gestão for séria, ética, transparente. Como tem sido a de Mauricio Galiotte. Além de evitar que se tranque quase tudo em ano eleitoral. No pior tomo daqui e tiro de lá.

Nem por isso pode ampliar um ano de seu próprio e próximo e provável mandato a que deverá concorrer – como aprovado pelo Conselho Deliberativo do clube, na espera de esperada aprovação dos associados por maioria simples.

A alteração pode ser boa e salutar para o Palmeiras. Como claramente ajuda o atual presidente. E muito provavelmente a conselheira Leila Pereira, dona da Crefisa, que conseguiria antecipar mais uma vez os sonhos de querer ser presidente do Palmeiras a partir de 2021, para tomar posse já no início de 2022.

O Movimento Palmeiras Responsável publicou a seguinte nota antes da votação:

“À toda coletividade palmeirense,

O Movimento Palmeiras Responsável reúne dezenas de conselheiros do clube, representantes de visões políticas distintas e heterogêneas. Tendo em vista a pretendida mudança estatutária com o objetivo de alterar o tempo de mandato do Presidente, a ser votada no próximo dia 21 de maio, apresentamos considerações relevantes para o entendimento da questão.

Buscando promover a pacificação nas discussões políticas do clube em momento tão promissor, entendemos que:

1. Não é aceitável em processos democráticos que alterações estatutárias relevantes possam modificar o processo eleitoral, eventualmente beneficiando a gestão em curso. Este artifício é repelido por todos os órgãos institucionais que regulam eleições. E não poderia ser diferente no Conselho Deliberativo da Sociedade Esportiva Palmeiras.

a. Nossa proposta: nenhuma alteração nestes termos pode ter validade na eleição imediatamente subsequente, ou estaríamos legitimando o casuísmo político. Sem impedir alterações nas vésperas do momento eleitoral, a cada eleição futura viveremos disputas fratricidas em torno de modificações estatutárias.

b. Essa prática já foi habitual no nosso passado recente, bem como em outros clubes. Suas consequências foram (e serão) sempre trágicas, especialmente pelo risco de apropriação pessoal do poder.

2. Duas propostas foram apresentadas para votação na próxima reunião: três anos de mandato da Diretoria Executiva (Presidente) com uma reeleição (3 +3); ou dois anos de mandato com duas reeleições (2+2+2). Estas propostas eram apenas duas entre tantas outras e, ao contrário do que se tem propagado de forma irresponsável, nunca foram consenso na Comissão de Reforma do Estatuto em 2015, que havia sugerido a realização de reuniões setoriais para debate, as quais, entretanto, não foram realizadas pelo Presidente do Conselho.

a. Se não havia consenso, por que essas são as únicas alternativas apresentadas? A proposta de três anos de mandato sem reeleição, a preferida entre os membros da comissão, não entrou sequer em pauta.

b. Em outubro de 2017 houve votação para ampla reforma estatutária. Naquela ocasião, não se incluiu na pauta de votação qualquer mudança no prazo do mandato da Direção Executiva. Agora, às pressas, esta proposta é colocada para votação, com efeito imediato, sem debates prévios. Por quê?

3. Esta ação coordenada pela Diretoria Executiva tem causado fraturas nas relações políticas do clube.

a. Três vice-presidentes da atual gestão, bem como o vice-presidente do Conselho Deliberativo são contrários a esta alteração repentina, além de dezenas de conselheiros do clube, entre eles muitos apoiadores e diretores da atual administração.

b. Sem os votos necessários para a mudança, tem-se notado a adoção de métodos absolutamente inapropriados em busca de apoios, deteriorando o nível de nosso debate político.

Desta forma, não resta outra alternativa que não a de vetar essa alteração extemporânea votando contrariamente as duas propostas apresentadas. Apenas respeitando os limites éticos e os processos democráticos já consagrados, avançaremos enquanto instituição. A Sociedade Esportiva Palmeiras não pode ser submetida ao interesse de grupos que, episodicamente, estejam no poder.

(Observação: todos as considerações acima dizem respeito exclusivamente ao item 4 da Reforma Estatutária, que trata da modificação do tempo de mandato do presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras. As demais alterações propostas não são objeto de discussão deste coletivo.)

Atenciosamente,

MOVIMENTO PALMEIRAS RESPONSÁVEL

Concordo em muitos pontos com ela. Não gostaria que o atual presidente fosse beneficiado pela medida. Não por ser quem é. Mas por abrir (ou reabrir) mais um velho precedente e procedimento deplorável de abrir espaço para casuísmos. Algo que o agora derrotado Mustafá Contursi abusou tantas vezes. Até quando estava no lado mais certo. Ou menos errado.

Também preocupa esse Furacão Crefisa no clube. Por mais que venha ajudando dentro e fora de campo o Palmeiras, as ações de seus dirigentes não podem extrapolar. Ninguém e dono do clube. O Palmeiras não está à venda. Embora alguns pareçam estar.

Meu voto seria três anos para presidente. A partir da eleição de 2020. Não para o próximo mandato.

E seria mais uma vez reduzir ao menor número possível o número de vitalícios. Pra sempre é só o Palmeiras. Não alguns conselheiros.