Tudo a ver

Sou um péssimo negociador. Quase todos os meus contratos ou não recebo o que mereço ou não ganho o que poderia. Culpa minha. Por não confiar no meu taco. Por não saber negociar. Ou me valorizar.

Se fosse presidente do Palmeiras, teria acertado muito antes com o Grupo Globo. E, certamente, ou erradamente no caso, teria recebido menos do que a bolada – merecida – que o Palmeiras vai ganhar pelos diretos de TV aberta, pay-per-view, e tudo que virá do pacote global.

Não podemos viver sem ele. Como por muito tempo vivemos demais dele. Não se pode cuspir nesse prato. Mas o chefe de cozinha também precisa respeitar o nosso regime. O nosso gosto. E até o desgosto de quem come e não gosta.

Não tem como abrir mão do dinheiro de mídia. Não tem como deixar de ver todos os jogos do Palmeiras. Tinha que acertar com a Globo. E foi um enorme acerto para o clube. Como também será para a emissora.

Não deu pra ver um jogo ruim com os reservas contra o CSA. Não deu para ver a grande vitória em Minas contra o Atlético.

Agora é possível ver tudo. E, espero, ouvir tudo.

O nome do estádio nos veículos do Grupo Globo já seria um avanço. Mas isso não teve na Kyocera Arena do Athletico. Não tem no vôlei e basquete. Até na F1 tinha outro nome. O Red Bull virou RB Brasil. O Pão de Açúcar ficou PAEC até virar Audax.

Não tem jeito. Nem jogo.

Um absurdo inominável não dar bola ao Naming Right. Que não é direito de dar o nome. É o dever de dizer o que é certo. E não só o que se paga pelo parceiro comercial.

Mas o acordo é ótimo para o clube. Excelente para o torcedor. Melhor para o futebol. Ótimo para a concorrência salutar entre empresas e clubes.

Todos saem ganhando.

E o Palmeiras, uma vez mais, sai na frente. Ou melhor. Entra na frente.