Tudo é grande como o Palmeiras

Toda quarta tinha jogo. Se não do Porco, de poker. Assim Douglas conheceu o Léo. Em 2013, por um grupo de WhatsApp, o Palmeiras os uniu como se conhecessem de berço. Como desde 1991, no fundo, faziam festa: Douglas nasceu no mesmo dia 18 de junho em que Léo havia nascido, em 1989. Um domingo depois da derrota em Bragança por 3 a 0. A que nos tirou um Paulistão encaminhado.
Na Copa do Brasil-15, o Léo disse: “junte os amigos de vida. Os irmãos de sangue verde que o Palmeiras nos deu. A família Palestra que nos uniu.” Para Douglas, o Léo era esse irmão univitelino de RG e de SEP: “pra mim ele é essa parte da família, não tão próximo durante a vida, mas parece irmão gêmeo nos jogos do Palestra”. Eles juntavam um time que vinha de Itu para o Allianz Parque. Contra o Fluminense, Léo, Paulo e o irmão retornaram para Itu, mandaram pro grupo foto comendo um lanche antes de retornar de madrugada. Em Salto, pouco antes de Itu, a poucos quilômetros de casa, em frente ao condomínio Palmeiras Imperiais, um acidente com o carro que Paulo dirigia. Ele teve ferimentos leves. Léo não suportou, mesmo cuidado no hospital.

Léo tinha combinado com os amigos vir a todos os jogos que, em 2016, não conseguiu, porque morava em Fortaleza.
Em setembro de 2019 o Léo casaria. Paulo vai ganhar o segundo filho até o final do mês.
Os amigos perderam um amigo que o Palmeiras deu. E jamais vai tirar. A cada gol, turma de Itu, terra onde tudo é maior, a saudade pelo amigo será não do tamanho da fama da cidade de vocês. Mas do tamanho de nossa paixão por esse Palmeiras que não escolhemos, mas ele nos acolhe. Esse Verdão que faz nos entender como gente na nossa casa onde mais nos desentendemos como gente.
Não faz agora muito sentido saber quando será ou mesmo se será deca o nosso time quando se perde um amigo campeão. Mas por ele, e pela alegria que o levou a viajar tanto e partir mais cedo, todos vocês da turma têm de se abraçar quando tudo der certo, levantar os dedos pra cima como São Marcos e esperar que o Léo os toque.
Dá certo. Desde 2012, quando meu Babbo partiu, eu garanto pra vocês que nessas horas o Palmeiras nos faz tocar como ele sempre nos toca.