Único medalhista olímpico individual do Palmeiras, Henrique Guimarães relembra bronze em Atlanta-1996
Em entrevista ao NOSSO PALESTRA, judoca que defendeu Verdão por duas décadas revelou carinho e gratidão pelo clube ao afirmar viver ápice da carreira em edição de Jogos Olímpicos
Três Olimpíadas disputadas, uma medalha de bronze enquanto defendia o Palmeiras e marcado na história como único atleta medalhista pelo clube palestrino em esportes individuais: a trajetória do judoca Henrique Guimarães passa muito pelas mais de duas décadas defendendo o Verdão nos tatames. 28 anos após fazer história nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, nos Estados Unidos, o atleta ainda lembra do maior momento de sua carreira e guarda com carinho a gratidão pelo clube.
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Em entrevista ao NOSSO PALESTRA, Henrique relembrou o começo duro no esporte. Em uma época que os próprios atletas investiam dinheiro do bolso para viajar e competir, o competidor teve o apoio do Palmeiras, que investiu por quase duas décadas. Henrique defendeu a Sociedade Esportiva entre 1982 e 1998.
– Eu tive o prazer de representar o Brasil e o Palmeiras. Tive grandes conquistas no judô e muitas dessas conquistas o Palmeiras que acreditou, incentivou e investiu. Há mais de duas décadas o processo esportivo era diferente do que é hoje. A gente às vezes pagava para viajar e competir, coisas que não são mais permitidas. Então tínhamos que ter paitroconio (sic) ou patrocínio. E as minhas viagens quem patrocinou foi o Palmeiras – contou.
A medalha mudou a vida do judoca, que seguiu conquistando bons resultados na modalidade. Ele também obteve medalhas de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata (1995), antes de Atlanta, e de Santo Domingo (2003), além de outras conquistas em Campeonatos Mundiais. Depois de Atlanta, disputou as edições olímpicas de Sydney-2000 e Atenas-2004.
– Tive a oportunidade de disputar três edições de Jogos Olímpicos e na minha primeira conquistei a medalha de bronze (…) Atlanta em 1996 mudou minha vida em todos os sentidos. Meu sonho sempre foi a medalha. Conquistar esse sonho de representar o país e a bandeira do Brasil para o mundo é muito gratificante. Na parte financeira teve uma mudança considerável – acrescentou Henrique.
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REFERÊNCIA NO PALMEIRAS
Ao conquistar o bronze em 1996, Henrique tornou-se o primeiro único atleta do Palmeiras em esportes individuais a alcançar o feito e subir ao pódio em uma Olimpíada. O clube totaliza 15 atletas com medalhas conquistas – os outros 14 faziam parte de elencos campeões em esportes coletivos. São três medalhas de ouro e 12 de bronze. Além do judô, há conquistas no basquete e futebol.
– Eu fico contente de fazer parte da história do Palmeiras. Mas ao mesmo tempo fico chateado de ser o único a conquistar em modalidades individuais. O clube poderia investir mais em outras modalidades – revelou ao NP, expressando o misto de sentimentos.
Para conquistar o bronze em 1996, o judoca palmeirense estreou nos Jogos Olímpicos com vitórias sobre o francês Larbi Benboudaoud e sobre o coreano Sung-Hoon Lee. Na terceira luta, perdeu para József Csák, da Hungria, medalhista de prata nos Jogos de 1992. Foram mais três vitórias do brasileiro na repescagem antes de conquistar a medalha: venceu o sul-africano Ducan Mackinnon, o búlgaro Ivan Netov e o belga Philip Laats, medalhista europeu, na luta decisiva pelo bronze.
– É gratificante poder ter retribuído ao Palmeiras, que ajudou a me realizar esse sonho. Se não tivesse o clube na minha vida eu dificilmente teria sucesso. Não tinha dinheiro nem para pegar um ônibus, imagina para viajar e competir – afirmou.
O investimento pesado do clube para a modalidade também passa pelo bastidor da equipe. Entre os anos 1980 e 1990, o Palmeiras contou com Milton Ferraz integrando o bastidor do judô dentro da Academia. Henrique lembra com carinho do dirigente, que peitou os nomes fortes do futebol para maior investimento na área.
– Eu tinha um grande diretor na época no Palmeiras, o Milton Ferraz. Ele brigou muito por mim no Palmeiras. Toda essa realidade foi construída por essa parte política. Como ele era diretor do judô, ele exigia esses investimentos – relembrou.
O QUE FALTA ATUALMENTE?
Após a aposentadoria em 2005, Henrique retornou ao clube como diretor da modalidade. Foram quase dez anos ocupando o cargo, entre 2007 e 2014, ano em que deixou o Palmeiras definitivamente. Atualmente, trabalha como comentaristas em redes de televisão e vê um Verdão ainda engatinhando para retornar a ter sucesso de outrora dentro dos tatames.
– Espera-se que as outras modalidades tenham a mesma pujança do futebol. Mas é um caminho. Ter pessoas na administração que mostrem a importância de outros esportes e quem sabe o Palmeiras se torne referência em diversas modalidades – afirmou.
Para o judô, o ex-atleta acredita que a modalidade precisa de mais diretores como Milton Ferraz, que invistam nos tatames. O medalhista ainda relembrou que o Palmeiras teve em sua história recente dois atletas que disputaram os Olímpiadas de Paris neste ano: Leonardo Gonçalves, judoca da categoria até 100kg, e Arthur Nory, ginasta que disputou o individual na ginastica artística, defenderam o Verdão em um passado recente.
– Hoje o Palmeiras precisa ter diretores como o Milton. No Time Brasil em Paria tem ex-atletas do clube. O Leonardo Gonçalves, do judô, por exemplo, foi vice-campeão no Mundial sendo atleta do Palmeiras e depois saiu e hoje está lá (…) O Arthur Nory fez judô e ginástica olímpica aqui na Academia, mas viram que ele era bom e o Pinheiros logo levou ele – finalizou.
Além de Leonardo Gonçalves, que foi eliminado no primeiro combate na categoria até 100kg em Paris, quem também defendeu o Palmeiras foi Willian Lima, judoca medalhista de prata na categoria até 66kg. O vice-campeão passou pelo Verdão na infância, há cerca de 15 anos.
O judô é o esporte que mais rendeu medalhas ao Brasil na história das Olímpiadas, com 26 pódios. Ao todo, o país tem quatro medalhas de ouro, quatro de prata e dezoito de bronze.
Já o Palmeiras, por sua vez, tem somente uma atleta disputando a principal competição esportiva do mundo em 2024 – a goleira do futebol feminino Kate Tapia, que defende a Colômbia. O número representa queda em relação as últimas edições olímpicas – foram quatro representantes em Tóquio-2020 e outros quatro em Rio-2016.