Especial Primeira Academia 1965 – campeão do turno: Botafogo 3 x 5 Palmeiras

https://youtu.be/qD2WknVVkxM

O Botafogo (ainda sem o artilheiro Roberto) precisava vencer por 5 a 0 o Palmeiras no Maracanã para ganhar o primeiro turno do Rio-São Paulo de 1965. Perdeu por 5 a 3 em casa para o Verdão que assim fazia do maior templo do futebol mundial, naquela temporada, o que ficou conhecido como "Recreio dos Bandeirantes". Ou dos periquitos: três clássicos no turno no Rio, três vitórias palmeirenses, 13 gols marcados em dois 4 a 1, e no 5 a 3 que garantiu a brilhante melhor campanha inicial do torneio interestadual. O que levou aquele timaço a ser ser chamado de Academia. A que seria a primeira antes da segunda dos anos 1970. Apelidos que deram nome ao centro de treinamento do clube.

O Palmeiras foi atração desde a chegada ao Rio. Hospedado no Hotel Luxor, treinou na Gávea. E ganhou de novo no Maracanã.

O Botafogo dos futuros tricampeões mundiais Jairzinho e Gérson ficou mais com a bola. Mas o campeão do turno foi mais objetivo. O contragolpe era letal. Muito veloz. Para Ricardo Serran, contundente crítico de O GLOBO, era " um time que joga com inteligência. Sem sacrifícios. Pelo atual estágio dos paulistas, o resultado em circunstâncias normais é a vitória do Palmeiras".

Como foi a partir de 10 minutos. Ademir descobriu Rinaldo, que passou por Zé Carlos, pelo goleiro Hélio, e tocou mansamente para a meta vazia. Aos 12 o Botafogo respondeu: Bianchini lançou Jairzinho em posição de impedimento. O futuro Furacão da Copa de 1970 devolveu ao atacante que bateu forte de pé esquerdo, entre os zagueiros, da entrada na área, no canto esquerdo de Valdir.

Um jogaço. O Botafogo seguiu criando mais chances. Djalma Santos salvou gol certo sobre a linha. Mas aos 44, Ademar Pantera bateu de longe e fez 2 a 1.

Valdir fez grande defesa já na segunda etapa em jogada de Bianchini. Ele saía muito bem da meta. Fechava o ângulo. E sabia defender usando os pés como nesse lance.

O Palmeiras respondeu como também sabia. Aos 13, Gildo cruzou da direita, Pantera tocou de cabeça por cobertura, e o goleiro Hélio se atrapalhou. 3 a 1.

Aos 17 o quarto gol. O mais bonito. Tabela rápido entre Tupãzinho e Ademar. Na saída do goleiro, o Pantera tocou com efeito e categoria, o vencendo por cobertura.

O Palmeiras jogava muito. Mas 4 a 1 era além do que estava sendo jogado. Aos 27, Ferrari derrubou Jairzinho. Pênalti batido por ele que quase Valdir defendeu, no canto baixo direito.

Aos 38 o Botafogo fez 4 a 3, de novo com Jairzinho. Então apareceu mais uma vez a calma e categoria da equipe para administrar a pressão. Ou seja: apareceu e brilhou Ademir. O Divino deu lindo passe para Tupãzinho escapar pela direita e bater cruzado. O goleiro Hélio pateticamente nem foi pra bola. 5 a 3, aos 44 minutos.

(Já com Germano em campo. O ponta que veio do Milan estreava oficialmente com Filpo. Já atuara no Torneio de Belo Horizonte, na semana anterior, na vitória sobre o Atlético por 2 a 1. O Palmeiras perdeu depois para o Cruzeiro por 2 a 1. E também a cabeça. Teve seis expulsos e o jogo terminou sem quorum aos 35 minutos).

Para O GLOBO, vitória justa. Até pelos erros de arbitragem. "Eunápio de Queirós e Aloísio Viug bandeiraram muito pro Botafogo". Apesar dl árbitro Etel Rodrigues ter deixado Geraldo Scotto (que não era disso) pegar forte em Jair, e Ferrari depois também.

Djalma Dias foi o melhor dos zagueiros. Valdir fez duas grandes defesas. "Dudu e Ademir foram sensacionais pelo que armam e desarmam os adversários", destacou o jornal carioca.

"Só Pelé joga hoje mais do que Tupãzinho no Brasil". Palavras de Serran.

Com os três gols no Maracanã, Ademar Pantera se igualou a Flávio, do Corinthians, na artilharia do torneio.

Com 7 vitória e 2 empates, o Palmeiras encerrou o turno com 10 gols a mais que o segundo ataque – o do próprio Botafogo. Foram 31 gols em 9 jogos. Todos eles clássicos.

"O Palmeiras tem feito soberbas atuações. É um time que se defende com 8 e ataca também com 8 jogadores. Os laterais apoiam bastante. O time sabe inverter as bolas de um lado a outros. Joga bonito e também deixa jogar o adversário. É um rolo-compressor do futebol brasileiro".

Na seleção do jornal da primeira fase do torneio, Valdir, Djalma Santos, Tupãzinho e Rinaldo estavam escalados. "Não é um time imbatível. Mas os outros vão ter que melhorar muito no returno para poder encará-lo".

BOTAFOGO 3 x 5 PALMEIRAS
Torneio Rio-São Paulo/Turno de Classificação
Data: quarta-feira, 21/abril (noite)
Maracanã
Juiz: Ethel Rodrigues
Renda: Cr$ 28 300 380
Público: 28 950
BOTAFOGO: Hélio; Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Airton e Gérson; Jairzinho, Sicupira, Bianchini e Artur.
Técnico : Geninho.
PALMEIRAS: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina (Santo)e Geraldo Scotto (Ferrari); Dudu e Ademir da Guia; Gildo (Germano), Ademar Pantera, Tupãzinho e Rinaldo
Técnico: Filpo Nuñes
Gols: Rinaldo 8, Bianchini 11 e Ademar Pantera 46 do 1º; Ademar Pantera 13, Ademar Pantera 18, Jairzinho (pênalti) 29, Jairzinho 38 e Tupãzinho 45 do 2º