Velloso, 22/9/1968

Janeiro de 1989. Zetti havia quebrado a perna em novembro de 1988. O reserva imediato Ivan também estava lesionado. A nova direção montara um elenco para encerrar com os 12 anos de fila. Comandado pelo ídolo Emerson Leão. De goleiro ele sempre entendeu. E achou que não seria necessário alguém mais experiente como terceiro nome para uma substituição temporária. Era a vez de dar uma chance para Velloso.

No primeiro jogo, amistoso no Pacaembu contra o Flamengo de Zico, o Galinho deu um peixinho dentro da pequena área. O jovem palmeirense não apenas defendeu. Não deu rebote. Zico, uma vez Zico, sempre Zico, levantou e parabenizou o jovem goleiro. O melhor em campo.

Wagner Fernando Velloso agarrou a chance como as bolas que chegavam

à meta do melhor time do SP-89. O Palmeiras só perdeu um jogo. Contra o Bragantino. Injusta eliminação precoce. Velloso mereceu continuar titular, mesmo com Zetti recuperado (mas tão esquecido pelo Palmeiras que teve de fazer história no São Paulo…).

Em 1990, Copa na Itália, Taffarel era absoluto. Mas onde eram reservas Acácio e Zé Carlos, Velloso poderia ter tido a chance que teve logo depois do Mundial, na estreia de Falcão como treinador da Seleção. Derrota de 3 a 0 para a Espanha. Sem culpa alguma nos gols. Mas Velloso não foi mais lembrado. Nova injustiça.

Não maior do que a sofrida em 1991. Quando passou a ser cobrado até pelos gols que o Palmeiras não marcava. Acabou reserva de Ivan. Foi injustamente emprestado ao União da Araras natal, em 1992, quando o Palmeiras contratou o veterano goleiro Carlos, de três Copas e que ainda naquele ano também serviu a Seleção de Parreira.

Em 1993, Velloso voltou para ser titular da Via Láctea montada pela Parmalat. Fraturou a mão no início do SP-93 e foi campeão na reserva de Sérgio. Foi injustamente emprestado para o Santos, onde fez ótimo BR-93.

Quando voltou ao Palmeiras, Gato Fernández foi contatado para ser bicampeão paulista em 1994. A Parmalat queria mais para o BR-94. Queria Taffarel, titular um mês antes no Brasil tetra mundial. Se tivesse sido contratado, em agosto de 1994, Velloso seria negociado. Não houve acerto com Taffarel. Velloso assumiu a meta, foi fundamental na reta de chegada do BR-94, e foi campeão brasileiro e melhor goleiro do campeonato.

Em 1996, foi o número 1 do melhor time onde jogou. E um dos maiores de todos os tempos e campos. O Palmeiras dos 102 gols em 30 jogos do SP-96. E de uma defesa excelente, também. Quando passava alguma coisa, Velloso fechava a meta. Na decisão da Copa do Brasil, fez defesa espetacular em cavadinha de Palhinha. Mas, cinco minutos depois, falhou no gol da virada e do título do Cruzeiro.

Mais cobranças injustas. Na final da Copa do Brasil de 1998, ele já esperava os pênaltis quando Oséas fez o gol improvável. O que ele mais celebrou. Devolvendo com juros e correção futebolística a derrota de 1996 diante do mesmo Cruzeiro.

Campeão da Mercosul-98, num rachão antes do quarto jogo pela Libertadores-99, teve lesão no pé. Marcos assumiu a meta e a assunção divina logo depois.

Velloso sempre dizia que, quando o fã dele de Oriente tivesse uma sequência de jogos, não voltaria mais à meta. Não voltou. Foi para o Atlético Mineiro.

Mas ficou como o quarto goleiro que mais atuou pelo Palmeiras. Campeão de quase tudo. Exemplo de atleta e de pessoa. Torcedor que nos defendeu tão bem. Goleiro que nos fez mais seguros na meta de 1989 a 1999. Empresário que desde 2014 nos deixa mais confortáveis no Allianz Parque: as cadeiras do estádio também são da empresa dele.

Velloso, como eu, já não tem os mesmos cabelos. O Palmeiras nos fez perder muitos. Mas, assim como nós, o Palmeiras ganha muito quando tem um torcedor tão capaz como ele para nós defender.

Feliz aniversário, campeão.