Véspera do Dia dos Pais de 2020 e 2012
Foi num sábado à tarde. Não tinha meias brancas como em 1993, no Dia da Paixão Palmeirense, contra o maior rival. Não foi de novo como em agosto de 1993 com o mistão que ganhou de novo o Rio-São Paulo contra eles. Não foi como agora em 2020 quando Patrick de Paula jogou no ângulo do Gol Norte o título paulista 100 anos depois do primeiro, em 1920. Quando a gente ainda contava mortos da Gripe Espanhola. Como neste mesmo sábado contamos 100 mil mortos pelo Covid-19.
Não tinha a nossa gente campeã no Allianz Parque nesta véspera de Dia dos Pais de 2020. Como há 8 anos o nome da sala de imprensa do estádio (o meu pai) visitou as obras da arena pela última vez. No último passeio que faria com os meus filhos, três meses antes da partida. Na véspera do Dia dos Pais de 2012.
Quando eu tirei essa foto, minutos antes de meu pai sair de cadeira de rodas do estádio pela doença que o levaria e a gente ainda não sabia a gravidade, eu me emocionei porque senti que talvez aquela fosse uma das últimas fotos dele no velho Palestra.
E foi mesmo.
A frase dele está escrita em dois lugares do estádio. Está na Academia do clube. Está na alma de palmeirenses como os netos. Como a mulher dele. Como a nora que ele não conheceu de olhos verdes como o coração. Como a filhinha que ele também não teve a felicidade.
Eles estavam todos juntos em casa vendo a final de 2020. Eu comentava pelo Esporte Interativo a Champions lá no estúdio. Não vi o gol de Luiz Adriano. Vi o pênalti de Gómez no desespero da minha mulher pelo WhatsApp.
Mas vi Patrick de Paula batendo como gente grande. La Favela è qui! Foi ali no ângulo. Foi na mesma meta de 1999. Foi onde eu tirei essa foto há 8 anos. Também em um sábado. Também na véspera do Dia dos Pais.
Eu achava que poderia ser a última. E foi.
Foi a primeira de Patrick. E vai ser a primeira de muitas.