Palmeiras busca repetir tricampeonato estadual após 90 anos de conquistas históricas

Verdão atual tem semelhanças com grupo do Palestra Italia que dominou estado de São Paulo durante 1932, 1933 e 1934

O Palmeiras tem a chance neste fim de semana de repetir um feito que aconteceu pela última vez há 90 anos em sua história: o tricampeonato estadual. Campeão em 2022 e 2023, o treinador Abel Ferreira pode igualar o uruguaio Humberto Cabelli e conseguir a segunda sequência de três títulos paulistas consecutivos na história do clube.

Ainda chamado Palestra Italia na época, o time que contava com Romeu Pellicciari, Junqueira e Imparato conquistou o Paulistão nos anos de 1932, 1933 e 1934. Em um início de década marcado pela profissionalização do futebol brasileiro, mudanças sociais e econômicas causadas pela ‘Era Vargas’, com o início do governo do presidente mais longevo da história nacional, o Verdão se tornou referência dentro de campo e se potencializou fora dele.

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1932 – PALESTRA EM MEIO À GUERRA

A primeira taça da sequência, em 1932, foi erguida com 100% de aproveitamento na campanha, um feito até hoje jamais repetido, com direito a um 8 a 0 sobre o Santos, adversário na decisão de 2024, na rodada final da competição. O triunfo é a maior goleada da história do clássico até hoje.

A competição foi marcada pela Revolução Constitucionalista de 1932, um levante armado protagonizado pela insatisfação dos paulistas com o governo de Getúlio Vargas, que havia assumido dois anos antes após um golpe que não deixou Júlio Prestes, eleito nas urnas, assumir a posse.

O Paulistão havia começado em maio daquele ano, mas foi paralisado em julho, justamente por conta da Revolução – os jogos foram retomados em novembro. Durante o hiato, o Palestra Italia e os demais clubes participaram ativamente do conflito. O presidente palestrino, Dante Delmano, chegou a ser nomeado tenente do exército paulista e, após a Revolução, foi eleito para a Assembleia Nacional Constituição de 1934, deixando o clube para se dedicar como político.

Em virtude do conflito, o campeonato acabou sendo mais curto e disputado em turno único, com apenas 11 jogos. O Palestra foi campeão com 100% de aproveitamento.

1933 – A PROFISSIONALIZAÇÃO

O segundo troféu, em 1933, no primeiro ano do futebol profissional no Brasil, veio com direito a outro 8 a 0, mas diante do Corinthians – também a maior goleada da história dos duelos contra o maior rival. As partidas da competição também foram válidas para o Rio-São Paulo, torneio em que o Palestra acabou sendo campeão junto com o estadual.

A esteia do Palestra na competição e, consequentemente, no profissionalismo, não poderia ter sido melhor: vitória por 5 a 1 no Corinthians, no Parque São Jorge. O mesmo rival, no segundo turno, seria goleado por 8 a 0. Naquela temporada, o Palestra perdeu apenas um jogo no Campeonato Paulista, diante da Portuguesa, por 3 a 1.  

O ano de 1933 também marca a reinauguração do Parque Antarctica, na primeira grande reforma do estádio palestrino. O local passou a ser o conjunto esportivo mais moderno do Brasil, ao ganhar arquibancadas reforçadas com vigas metálicas e uma geral toda de cimento armado, superando a estrutura de São Januário, do Vasco, no Rio de Janeiro. O nome do estádio foi alterado, sendo chamado oficialmente de Palestra Italia Stadium.

1934 – O TRICAMPEONATO  

Para manter a hegemonia, o presidente Dante reforçou o Palestra com atletas do futebol carioca, que lutava contra a profissionalização. Ainda mais forte, a equipe de Humberto Cabelli sacramentou mais título estadual. Sendo o primeiro e, por enquanto, único tricampeonato paulista consecutivo da história do clube.

A campanha no Paulistão, já sem o Rio-São Paulo, reeditado somente a partir de 1950, foi novamente quase perfeita, com apenas uma derrota, para o São Paulo, quando a taça já estava assegurada. O Palestra também teve o artilheiro do campeonato, com Romeu Pellicciari.

O time base do tricampeonato, montado por Humberto Cabelli, foi escalado, em sua maioria dos duelos, em um 2-3-5. A equipe, assim como em 2024, possuía troca de bastões: com o atacante Heitor e o zagueiro Bianco se aposentando entre 1930 e 1931, o time palestrino passou a ter o protagonismo de outros dois personagens, com o zagueiro Junqueira e o atacante Romeu Pellicciari, dois jovens que tiveram ascensões meteóricas, tal como Endrick nos últimos anos.

A escalação era composta inicialmente pelo goleiro Nascimento, que atuou nas conquistas de 1932 e 1933 e foi substituído por Aymoré Moreira em 1934. A defesa contava com Carnera e Junqueira. O meio-campo era formado pelo trio Tunga, Dula e Tuffy. Lara, Imparato, Romeu Peliciari, Gabardo e Avelino faziam o quinteto ofensivo.

PALESTRA – POTÊNCIA DOS ANOS 1930

Não apenas com o tricampeonato, o Palestra se consolidou como uma potência entre 1930 e 1940. Do lado patrimonial, os investimentos fizeram com que o clube ganhasse mais de seis mil novos sócios em três anos. O basquete acompanhou o futebol, com supremacia no campeonato estadual e chegou a representar o Brasil no Campeonato Sul-Americano de 1934, em Buenos Aires. Heitor, maior artilheiro da história palestrina e que havia se aposentado em 1931, passou a ser o craque das quadras durante o período.

A chance de um tetracampeonato ruiu em 1935, com o vice-campeonato estadual, ficando atrás do Corinthians. Em 1936 a equipe voltaria a erguer o troféu para, depois, faturar o Paulistão Extra de 1938.

Desde então, a última chance que o Verdão teve de repetir o feito aconteceu em 1995, mas a equipe comandada pelo treinador Eduardo Amorim acabou derrotada pelo Corinthians. Antes, havia vencido o campeonato estadual em 1993 e 1994 sob comando de Vanderlei Luxemburgo.

A maior sequência de títulos do Paulistão pertence ao Paulistano, que foi tetracampeão entre 1916 e 1919. Além do tricampeonato do Palestra Italia, o rival Corinthians, acumula quatro tris: entre 1922 e 1924, 1928 e 1930, 1937 e 1939 e 2017 a 2019. O Santos vem na sequência com três, entre 1960 a 1962 e 1967 a 1969 e entre 2010 e 2012. O São Paulo Futebol Clube jamais conquistou o tri estadual consecutivo.

Para repetir o feito de 90 anos atrás, o Palmeiras enfrenta o Santos neste domingo (7) às 18h (de Brasília) no Allianz Parque. Após derrota por 1 a 0 na Vila Belmiro, o Verdão precisa de dois gols de diferença para garantir o tricampeonato paulista. Em caso de empate, o título será decidido nos pênaltis.