Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras
O Palmeiras alcançou a histórica marca de 27 jogos de invencibilidade em campeonatos brasileiros no último sábado, diante do Atlético-MG, em Belo Horizonte. A estatística superou os números conquistados em 72/73 com Ademir da Guia, Dudu e outros craques de uma grande geração. Para entender melhor como o atual elenco bateu esse recorde, pesquisei os números de passes certos e errados, de finalizações corretas e equivocadas do time, de posse de bola nas partidas e também de conclusões adversárias para vencer a defesa alviverde. A percepção final é de uma estrutura de jogo que praticamente não permite chance de gol ao adversário, cria mais do que seus oponentes e, diferente do que muitos pontuam como base do futebol do Palmeiras, divide a posse de bola quase que perfeitamente com seus rivais.
EM MÉDIA, PALMEIRAS ESTEVE COM A BOLA O MESMO TANTO QUE SEUS ADVERSÁRIOS DURANTE AS PARTIDAS
Muitos dizem que o Palmeiras não gosta da bola, prefere não tê-la e alguns até chegam a pontuar que a equipe de Felipão, por mais talentosa que seja, não sabe o que fazer com ela e, por isso, a deixa com o adversário. Isso não é verdade se olharmos para o recorte dessa marca história: 49,6% de média de posse de bola em 26 dos 27 jogos (não há dados disponíveis sobre o jogo diante do CSA, pelo Brasileirão 2019). A equipe acumula média de 301 passes certos e 38 errados por partida, número que, traduzido, explica um Palmeiras vertical nas suas ações, acelerando as jogadas em busca de finalizá-las. Há equipes que acumulam média superior a 400 passes certos por jogo, porém muitos deles trocados no campo de defesa, ou seja, inúteis na busca pelo gol.
O Palmeiras teve média superior de posse de bola em 14 das 26 partidas com dados disponíveis nos aplicativos estatísticos Footstats e SofaScore, ou seja, mais da metade. Contra o Botafogo, no Allianz Parque, pela 20ª rodada, o Palmeiras venceu por 2 a 0 a partida em que mais esteve com a bola nos pés: 67,5% do tempo. No duelo em que menos esteve com a bola nos pés, também saiu vitorioso, batendo o Santos por 3 a 2 no Allianz Parque com média de 37% de posse. Mais um exemplo de que esse Palmeiras busca o equilíbrio, sabendo jogar com ou sem a bola. Tudo depende da estratégia e do adversário que surge pela frente. Nesse ano, por exemplo, o Palmeiras já goleou o Fortaleza dentro de casa com 52% de posse de bola, mas também venceu o Internacional no Allianz Parque por 1 a 0 com 40% de posse.
EM MÉDIA, PALMEIRAS FINALIZA QUASE UMA QUINZENA DE VEZES POR PARTIDA
O elenco de Felipão pode ter recebido grande reconhecimento por um sistema defensivo muito forte, mas não alcançou a marca jogando na retranca. Nos 26 jogos com dados disponíveis no Footstats e SofaScore, o Palmeiras acumulou 352 finalizações, obtendo a média de praticamente 14 finalizações por partida (número exato da média é de 13,53). A equipe tem pontaria equilibrada na estatística, acumulando média de 6 conclusões corretas e 8 erradas por jogo. Foram 49 gols marcados nesses duelos, o que nos permite concluir que, em média, o time precisa finalizar 7 vezes até marcar um gol.
EM MÉDIA, GOLEIROS DO PALMEIRAS CORREM RISCO EM DOIS OU TRÊS LANCES POR JOGO
Os números defensivos do Palmeiras são dignos de aplausos. Os adversários finalizaram 222 vezes nos 26 jogos contabilizados pelos aplicativos já citados, o que equivale a uma média de 8,53 tentativas por jogo, podendo arredondar para 9. Porém, acertar o gol é uma missão bem mais complicada, já que a média de conclusões no alvo é de 2,8 por partida. Weverton, Jailson ou Prass, geralmente têm de impedir que a bola entre no gol duas ou três vezes na partida. Olhando para o todo, a equipe alviverde sofre um gol a cada 20 tentativas adversárias.
RÓTULOS NÃO SE APLICAM AO PALMEIRAS DA HISTÓRICA MARCA
Não se pode dizer que o Palmeiras chegou a maior invencibilidade de sua história em jogos de Campeonato Brasileiro jogando apenas de uma forma, utilizando uma só formação com algumas variações ou sendo uma equipe predominantemente defensiva e retranqueira por conta do estilo de Felipão. Foram mais de 30 atletas utilizados em partidas que ofereceram as mais diversas situações e estilos de jogo dos adversários, sendo que nenhum deles conseguiu vencer o Palmeiras durante esse período.
NÚMEROS DO PALMEIRAS HISTÓRICO MOSTRAM EQUIPE INTELIGENTE
Os números do caminho do Palmeiras mostram uma equipe que soube se adaptar aos jogos dentro e fora de casa, aos momentos em que tinha e aos que não tinha a bola e, principalmente, ao nervosismo e a pressão de um campeonato de pontos corridos de logística difícil cujas exigências físicas em meio a outras competições tornam a missão da invencibilidade ainda mais complicada.