A escolha pela idolatria: Dudu em busca de ser um dos que mais vestiram a camisa do Palmeiras

(Foto: Cesar Greco/Agência Palmeiras/Divulgação)

Provavelmente o Palmeirense de 20 e poucos anos, ainda com 10, pouco ciente de quanto seu time se enlameava em um momento trágico, sonhava com o dia em que visse em alguém, algum nome, a representatividade de tudo o que sentia tão intensamente. E pouco compreendia.

Em tempos estranhos em que a idolatria é volátil e o amor acaba antes que o ponteiro relógio dê meia volta, a manutenção de uma relação chega a ser miragem. Beira a esquizofrenia, mas quando o Imponderável de Mattos faz com que Dudu finque os pés no Allianz Parque recém inaugurado, aquele sonho do moleque começa a tomar contos de realidade.

Cronista nunca é um competente matemático, como o torcedor não é um cientista ao cantar e vibrar, mas ainda assim somos capazes de imaginar que, 8 anos depois daquele começo de realização, a história pode virar uma marca tão grande quando nosso pequeno gigante. Com média de 57 jogos por temporada e contrato até 2023, Dudu tem condições de encerrar seu contrato com mais de 500 jogos com as cores da inveja.

Entre os 10 que mais ostentaram essa fibra. A efemeridade da paixão em contra função ao dinheiro, a marca registrado da modernidade, caindo por terra e grama com a iminente caminhada de um ídolo de quase todos ao posto de unanimidade, lenda, símbolo de um século. Sonho de uma criança. Dudu já está entre os 40 mais.

A idolatria ainda não tem imagem e padrão, afinal, com 10 anos, ele não pensou naquela figura com a voz fina, mas quis ouvir frases grossas, não pensou que tivesse pouco menos de poucos metros, mas desejou que pudesse se agigantar diante de qualquer dois pés de altura que tentasse deter o sonho de ser campeão.

Dudu já errou por excesso, pecou por querer demais, como vocês fizemos, e não errei ortografia, erramos porque desejávamos muito. Como esquecer que empurrar o juiz era a forma genuína de berrar pro mundo dizendo a inconformidade em perder. Existe algo tão Palmeiras?

Tão Palmeiras ao ponto de querer pra si, no auge, o panteão dos intocáveis mesmo diante dos incontáveis reais que viriam na sombra. 500 jogos ou não, preferir o carinho ao sossego é a escolha de quase ninguém. Nem nos pedidos mais ilógicos se uma criança apaixonada por futebol. Dudu é a idolatria em atitude, 1,60 e muita coragem de fazer do Palmeiras, o seu sobrenome.