Chovia muito em São Paulo na tarde da segunda partida palmeirense no Rio-São Paulo de 1965. Segundo clássico logo de cara. Não era fácil o torneio que tinha quase todos os atletas bicampeões mundiais em campo. E alguns dos futuros tricampeões em 1970. Sem descanso pelo nível dos confrontos.
O São Paulo ainda não havia retomado com força as obras para completar o Morumbi. Viveria uma de suas piores temporadas. Como seria comprovado no Choque-Rei do returno, quando foi goleado por 5 a 0 (a maior vitória alviverde no clássico).
No chuvoso Pacaembu, o primeiro tempo foi mais equilibrado. Os duelos na intermediária entre Ademir x Benê e Dudu x Dias eram mais iguais. Na segunda etapa, o Palmeiras dominou de vez quando o forte goleador Ademar Pantera substituiu o meia-atacante Servílio (que fez partida apagada). Com seu corpanzil aliado é admirável agilidade, ele ganhou quase todas da zaga tricolor, permitindo que Tupãzinho desse mais dinâmica à armação dos lances no 4-2-4 proposto por Filpo.
O jogo também ficou mais quente. Roberto Dias foi expulso por jogo violento. Na sequência, saíram no braço Ademar e De Sordi e saíram também expulsos. Ferrari, que havia recebido a entrada violenta do excelente Dias, não se aguentou e saiu de campo. O Palmeiras também ficou com 9 porque as três alterações que eram permitidas pelo regulamento do Rio-São Paulo já tinham sido feitas por Filpo. No final da partida, Benê fez número pela ponta-esquerda, mancando até não ter mais forças, como era praxe naqueles tempos.
A segunda etapa foi ótima. Só não saíram mais gols porque os goleiros Valdir e Suli estavam inspirados. Mas o tricolor não teve como evitar o gol palmeirense, aos 4. Gildo cruzou da direita para Servílio ganhar no corpo de Jurandir (campeão mundial em 1962) e tocar para Tupãzinho não ter trabalho para o 1 a 0.
Aos 16, depois da entrada de Ademar, o Pantera fez de cabeça aproveitando outro lance de Gildo, que foi ao fundo em velocidade para servir o goleador.
Djalma Santos mais uma vez foi muito bem. Como Dudu. Rinaldo ajudou o meio e abriu pela esquerda como sempre. Tupãzinho melhorou como toda a equipe na etapa final.
Ademir foi discreto. Algo raro. Ainda mais naquele time espetacular.
PALMEIRAS 2 X 0 SÃO PAULO
Torneio Rio-São Paulo/Turno de Classificação
Sábado, 27/fevereiro (tarde)
Estádio: Pacaembu
Juiz: Albino Zanferrari
Renda: Cr$ 16 149 800
Público: não disponível
PALMEIRAS: Valdir; Djalma Santos (Nelson), Djalma Dias (Santo), Valdemar Carabina e Ferrari; Dudu e Ademir da Guia; Gildo, Servílio (Ademar Pantera), Tupãzinho e Rinaldo
Técnico: Filpo Nuñes
Gols: Tupãzinho 4 e Ademar Pantera 16 do 2o.
Expulsões: Ademar Pantera, Dias e De Sordi