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Mauro Beting: '1914 e uma noite - Palmeiras 1 x 2 Chelsea'

(Foto: Fabio Menotti)
(Foto: Fabio Menotti)

Foi mesmo uma disputa de pênaltis como se esperava pelo esforço e superação palmeirense. Depois de Lukaku ganhar sua única disputa contra Luan e abrir o placar aos 9 do segundo tempo, (na única vez também em que Hudson-Oddoi ultrapassou a vigilância de Rony e chegou ao fundo), as infelicidades de dois zagueiros de ótimas atuações se viu: Thiago Silva (eleito craque do torneio) mais uma vez trocou os pés pelas mãos e cometeu pênalti tolo, convertido por Veiga, aos 18. Aos 11 da prorrogação, Luan ampliou sua área corporal de modo não natural para evitar o gol. Pênalti que o predestinado Havertz converteu e deu o título mundial ao clube com mais time, elenco, futebol e crédito no banco. Como acontece desde que o próprio Chelsea perdeu para o Corinthians, em 2012.

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Quando então houve belíssima festa alvinegra no Japão. Linda e tocante como a palmeirense nos Emirados Árabes. Pelas ruas com alegria, não arrogância. Nos estádios com confiança, não jactância. Foram 120 minutos de palmeirenses em pé cantando e empurrando um time que mais uma vez variou taticamente. Outra vez amarrou um rival que era melhor. Mas que pecou em não converter as poucas chances que teve – e também as concedeu pouco.

Faltou um 9. Claro. Tem sido assim desde que Luiz Adriano partiu mesmo presente. Como também faltou mais gente chegando à frente. No primeiro tempo, Abel emulou parte do que fizera contra o Galo no Allianz Parque, e um tanto contra o Flamengo, no Uruguai. Assim anulou as tramas por dentro do 3-2-5 de Tuchel, na fase ofensiva deles, com Gómez e Luan muito bem na contenção a Lukaku; Rony no mano com Hudson-Oddoi, e Marcos Rocha muito bem perseguindo Havertz onde ele fosse; Piquerez muito bem de olho em Mount (a partir dos 30 em Pulisic); e Scarpa sacrificado também (como no Centenário) travando o apoio menos qualificado de Azpilicueta.

Tudo bem ensaiado e executado. Danilo dando pouco espaço ao discreto Kovacic, e apenas o múltiplo Kanté indo para todos os lados, também se aproveitando da partida abaixo da boa média de Zé Rafael.

Veiga e Dudu (mais à esquerda), os melhores e mais criativos do time, atuaram no ataque no 6-2-2 do primeiro tempo.

Precaução desmedida?

Tem como discutir. Mas jogando contra um time com muito mais condições, e em melhor ritmo de jogo por estar no meio de temporada, não havia como ser muito mais eficiente do que foi.

“Retranca” seria se o Palmeiras não tivesse praticamente o mesmo número de chances de gol. Foram poucas para os dois lados. Três brasileiras, cinco inglesas pelos meus critérios. Pouco para 120 minutos.

A melhor da primeira etapa foi um contragolpe que Dudu mandou à esquerda de Mendy, aos 27. A melhor do Chelsea foi um tiro longo de Thiago Silva, bem desviado por Weverton, no final do primeiro tempo amarrado.

Abel mudaria de novo na segunda etapa. E deixaria o time ainda mais fechado. Depois do gol inglês trocaria o estafado Rony (de notável aplicação tática e humildade para ser centroavante contra o Al-Ahly e ala-direito contra o Chelsea) por Wesley. Na mesma função de acompanhar o mais aberto do Chelsea à esquerda – até Werner ser esse cara, mesmo no modificado 4-2-4 inglês na prorrogação). Zé Rafael saiu baleado para a entrada de Jailson para tentar conter Kanté. Atuesta substituiu o pregado Veiga e não entrou bem. Atuou pela direita numa linha de três com Danilo na cabeça da área e Jailson pela esquerda.

Eram seis atrás, três no meio, e Dudu isolado no ataque, com pouca aproximação da turma do meio. O Palmeiras jogava para não perder no 6-3-1. E não usou como podia a força das arquibancadas.

O melhor do Palmeiras em Abu Dhabi foi o palmeirense. Não só o da Mancha que sempre canta quando a coisa está ruim. Foi de toda a torcida que foi não apenas no embalo da bateria da organizada. Também cantou e pulou junta os 120 minutos. E em pé a partida toda. Como se o mundo dependesse da gente. E o nosso mundo depende do Palmeiras.

E não é aquela força de expressão fraca da imprensa. O palmeirense realmente fez do seu mantra a senha para a sanha pela conquista mais do que pela vitória.

O Palmeiras fez o possível. Jogou como dava e para dar pouco espaço ao rival, explorando depois um contragolpe tímido pela falta de aproximação da turma de trás – distante como não estiveram Dudu e Veiga, seminais nas semifinais.

Bicampeão da América vice mundial coberto de méritos por tanta superação e organização de um trabalho excelente. Histórico. E eterno. Mesmo sem o destino final.

Como foi o canto do hino palestrino no apito final. Ali não eram só os milhares de palmeirenses nos Emirados Árabes Unidos numa decisão. Eram milhões de emissários familiares unidos por histórias de pais para filhos, de Palestra para Palmeiras.

Não estavam ali apenas para conquistar o mundo que sabiam ter menos chances do que o campeão europeu. Estavam para acompanhar o amor de nossas vidas em mais uma missão que parecia impossível. Embora o Palmeiras nos faça possível.

“E que não vença o melhor” era meu mantra. Mas sempre seremos o nosso melhor. O que melhor sou é ser palmeirense.

Seremos. Não fomos. Mas de fato sempre #somos.

Não deu. Mas pelo que o palmeirense ganhou no grito fora de campo, pelo que o time quase empatou lá dentro contra quem tinha muito mais condições de vencer, time e torcida deixam Abu Dhabi do tamanho da nossa paixão.

A dos ausentes pais e até de pais ausentes. A do maior campeão nacional do país em busca de mais uma conquista Internacional. Fazendo dos Emirados Árabes uma Palestra com Caraíbas. Um burburinho de shopping Bourbon em dia de jogo no Allianz Parque. Uma cidade longínqua tão próxima como o Palmeiras me deu ainda mais amigos de credo. e de cor, de vida e de verde em uma semana de 1914 noites.

Ou mil noites e uma noite em que perdemos o jogo. Mas ganhamos ainda mais o palmeirense em todos nós.

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