
Abel Ferreira chegou ao Brasil no final de 2020 e aprendeu a amar o Palmeiras. Não duvido e o considero o maior treinador em 111 anos de história por ganhar tanto em tão pouco tempo. A primeira temporada sem títulos carrega, porém, problemas que vão além da ausência de taças.
A coletiva após a vitória sobre o Atlético-MG ratificou o terceiro vice-campeonato de 2025. O orgulho por mais uma medalha de prata contrasta com aquele Abel sedento pela vitória. Olhos esbugalhados, intenso e capaz de tirar o máximo do elenco são características pouco vistas nos últimos dois anos de futebol abaixo.
O maior exemplo para Abel está no vizinho de muro. Anos antes dele desembarcar por aqui, o rival era exemplo dentro e fora de campo. Venceu muito e deixou se levar pelas conquistas. Más administrações e recordações de um passado glorioso mudaram o rumo em pouco mais de uma década. Hoje, as lembranças positivas servem como justificativas para os vexames.
A leitura do currículo vitorioso como se fosse um post à procura de vaga no LinkedIn na sala de imprensa da Arena MRV é o que o Palmeiras menos precisa. O torcedor, calejado por anos incrivelmente difíceis, cobra porque sabe que o atual momento é capaz de trazer mais do que vices.
É muito cedo para elencar as conquistas e se orgulhar do que não conquistou. O vizinho é o maior exemplo do que não se deve fazer. Caso Abel não saiba, alguém, palmeirense de preferência, precisa avisá-lo para que 2026 seja diferente.