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Ex-jogador do Palmeiras, Antônio Carlos Zago fala sobre Bolívar: 'Trabalho vitorioso'

Treinador da equipe boliviana até o final do ano passado, Zago comentou passagem pelo clube e os desafios do Verdão para estreia da Libertadores, nesta quarta-feira (5), em La Paz

Antônio Carlos Zago durante passagem pelo Bolívar (Foto: Divulgação)
Antônio Carlos Zago durante passagem pelo Bolívar (Foto: Divulgação)

O Palmeiras entra em campo pela primeira vez na Libertadores diante do Bolívar nesta quarta-feira (5), às 21h30 (de Brasília), em La Paz. Para conhecer melhor o adversário do Verdão, o NOSSO PALESTRA entrou em contato com o histórico zagueiro alviverde Antônio Carlos Zago que treinou o time boliviano entre julho de 2021 e novembro de 2022.

Inicialmente, o ex-defensor comentou o tempo que esteve à frente da equipe. Para ele, o período foi vitorioso e serviu para implementar uma nova mentalidade no elenco.

– Foi um período vitorioso, espero que tenha mudado principalmente o pensamento dos jogadores que lá se encontram hoje. Hoje, uma mentalidade ganhadora, já tive a oportunidade de jogar a Libertadores ano passado. Ano passado foi um ano muito bom dentro do campeonato boliviano. Foram praticamente 50 jogos, cinco ou seis derrotas, a equipe jogando um bom futebol, oportunidade para a base, o crescimento dos jogadores que estavam na seleção. Espero que tenha mudado o pensamento, que eu tenha criado a mentalidade ganhadora no clube Bolívar. Agora, uma vaga na Libertadores muda também, é uma competição diferente. Vamos ver o que vai acontecer.

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Na sequência, explicou por que optou por treinar o Bolívar. Segundo ele, a proximidade do clube com o Grupo City foi fundamental devido à metodologia de trabalho imposta.

– Foi uma oportunidade que apareceu dentro do Grupo City, por estar trabalhando com eles há algum tempo. Foi o início de um trabalho e uma parceria. O grupo City dá uma assessoria ao Bolívar, já que o presidente do Bolívar é investidor do Grupo City também. Apareceu o convite, eu estava parado, querendo voltar a trabalhar. Falam: “Pô, para a Bolívia”. Mas é um futebol que tem bons jogadores, são um pouco indisciplinados, principalmente na parte tática. Foi um bom trabalho, não só porque ganhamos, mas tentamos mudar a mentalidade, a maneira de pensar. Foi um trabalho vitorioso.

Por fim, Zago explicou a dificuldade de jogar na altitude de La Paz. Segundo o treinador, o time criou um esquema de jogo para atuar em casa e fora dos seus domínios, algo fundamental pelas diferenças geradas pela altura.

– A gente procurou criar um modelo de jogo para a altitude e para lugares que se respirava melhor. A gente criou um modelo de jogo, a equipe jogava bem, mesmo perdendo um pouco da potência, porque quando você desce da altitude, você perde em potência. A equipe jogava bem na altura e no nível do mar também. Em questão dos treinamentos, é o mesmo que eu procurava fazer nas equipes do futebol brasileiro, no Japão. Você se adapta com o tempo, mas o mais importante no começo é você forçar para que você se adapte o mais rápido possível. Foi isso que eu procurei fazer, correr mais, andar de bicicleta. A adaptação é essa, e você acaba se adaptando. A velocidade da bola, para quem está em La Paz, você acostuma. A adaptação é cansativa, mas é normal.

Confira outros trechos da entrevista:

Principais armas do Bolívar

Esses jogadores se destacaram e acabaram saindo. Hoje o Chico está no Atlético de Medelín e o Bruno Sávio no Al Hilal. Jogar na altitude é sempre difícil para qualquer um. Os jogadores que chegam para jogar na altitude se adaptam em um tempo, um mês, até mais, mas se adaptam. Jogar na altitude é difícil, chegam em um dia, que é o que o Palmeiras vai fazer. Eu espero que tenha criado uma mentalidade diferente nos jogadores. O Bolívar é um grande clube do futebol boliviano, tem de pensar como um grande clube. Por outro lado, o aspecto da troca de treinador, que os jogadores levam um certo tempo para absorver as ideias do outro treinador. O campeonato boliviano teve poucas rodadas até agora. Acredito que o Palmeiras deve tirar proveito disso, e é o favorito. O Palmeiras jogou em sucre e deu uma goleada. O Bolívar tem mais qualidade, mas o Palmeiras tem um dos melhores times da história do Palmeiras. Mesmo jogando na altitude, é favorito.

Desconfiança com treinadores estrangeiros

Eu acredito que sempre tem um pouco de desconfiança, é normal. Eu fui treinador e jogador até hoje, fui 14 ou 15 anos estrangeiro. Já estou acostumado. No começo tem certa desconfiança. È o trabalho do dia a dia, a maneira de se relacionar com as pessoas, isso ajuda bastante. O trabalho, que foi um trabalho ganhador desde o começo, isso ajuda. O Abel deve ter passado por isso com tranquilidade, porque logo de cara foi campeão. As críticas vão aparecer, isso faz parte do futebol, mas você tem de ter suas convicções do trabalho e eu acredito que vai dar certo, como deu no Palmeiras até agora. O treinador mais vitorioso da história e está entre os melhores do futebol brasileiros hoje.

Como Palmeiras pode bater o adversário

Eu acho que o Palmeiras não precisa muito de estratégias, já está jogando junto há muitos anos. Vai ter o seu desgaste porque o jogo da Libertadores no meio de dois jogos do Campeonato Paulista, então acho que o desgaste vai ser o fator mais preocupante. E lógico, a altura. Queira ou não queria, o Palmeiras é superior ao Bolívar, pelos jogadores, por tudo o que fez nos últimos anos. O Bolívar procura jogar futebol, é importante, mesmo om a altura, tentar diminuir os espaços. Acredito que a altura mesmo é a maior dificuldade que o Palmeiras vai encontrar, e o desgaste por ser entre duas finais. O Palmeiras tem toda a estrutura para recuperar os atletas, tem atletas com capacidade de revezar. Isso o Abel vem fazendo muito bem nos últimos anos.

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