Anderson Longo é engenheiro civil. Mas ele é mesmo palmeirense. De Maringá. Nada mais natural. Torce pelo Green Bay Packers mais por ser verde do que por ser NFL.
André também é de Maringá. Também é verde em tudo. Não só tem muitas afinidades com o Anderson. Eles são irmãos. Gêmeos.
Minha sobrinha tinha sete anos quando começou a chorar no meio da aula. Ninguém sabia o motivo. Ela, sim. A irmã gêmea estava tendo uma crise de apendicite na sala ao lado. Ela ja sabia. Ou melhor: sentia.
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Ligação entre irmãos a gente sabe como é linda. Entre gêmeos, então… Eles são muito mais do que parceiros. São realmente pessoas que a gente ama como se fossem o que são: a gente mesmo. Não está só na cara. É na alma.
Não tem explicação para quem não é. E, para quem é…. É como o Palmeiras que os uniu ainda mais.
Anderson e André são filhos do Mauro. Quem os ensinou a ser Palmeiras. Quem os deixou depois do Breno Lopes no Maracanã. Quando os dois fizeram a mãe perder a novela só pra ver o ônibus campeão chegar pela TV na Academia. Desde 13 de abril de 2021, quando a Covid levou o Maurão, eles sempre colocaram a fofo do meu xará ao lado deles no sofá. “Pai, cuida daí de cima que aqui debaixo deixa com nós”.
Em Montevidéu eles fizeram mais festa. Desta vez sem o Maurão. Ele estava lá em cima desarmando com o Deyverson e o meu pai aquela bola.
Já não era a mesma coisa.
Como Recopa não é Libertadores. Mas só pode ser e sentir quem é.
Como só o Anderson pode saber dizer o que foi em menos de um ano perder o pai e o gêmeo quase no mesmo período em que eles ganharam quase tudo.
Em 13 de fevereiro de 2022 o Toição foi tocar a bateria dele com os anjos, num acidente de carro. “Hoje eu perdi parte do meu coração” escreveu no Instagram o Anderson. Um dia depois da derrota para o Chelsea. Quando então eles se abraçaram felizes pela clube ter ido tão longe. Choraram pela derrota. Mas estavam orgulhosos de tudo que viram. De tudo que o pai também estava.
Em 2 de março, no sofá de casa, ele botou do lado direito uma camisa com a foto do gêmeo. Do esquerdo, uma do pai com a foto dele em cima.
“Mesmo sofrendo sempre como todo palmeirense em todo jogo até quando a gente está goleando, agora ver o Palmeiras me dá uma paz no coração inexplicável, uma calma que nunca tive”. Não é só o milagre do amor. É o do Palmeiras que nos faz viver mais. Reviver ainda mais. Só ele conseguindo ao mesmo tempo ainda trazer para o sofá do Anderson o pai e o irmão.
Os três juntos agora viram o Zé Rafael fazer 1 a 0, o Danilo fechar o placar, e a festa do título.
Não é a mesma coisa que uma Liberta. Sabemos muito bem. Jamais será a mesma coisa sem eles juntos. Ele sabe ainda mais.
Mas o que mais os seguirá conectando é um chilique do Abel com a arbitragem, um lateral na área do Marcos Rocha, um raro erro do Weverton que eles lá de cima afastam o perigo, qualquer lance do Danilo, grandes jogadas do Veiga, dribles do Dudu, correria pelas pontas, Gómez erguendo o Palmeiras como se fosse um troféu.
E é tudo isso. E foi tudo o que sofremos em 2014 contra o mesmo Athletico só para ficar na A. É a vida que naquela tarde fazia a gente atacar o Weverton na outra meta. Hoje é ser defendido por ele em todos os objetivos.
Foi a primeiro final sem a corneta deles. Só a trombeta celestial. Não imagino a dor como a gente nem imagina como os gêmeos são eternamente conectados. Mas sendo palmeirenses, irmãos de credo, talvez um pouco dessa energia nos faça entender algo. Ou melhor: não precisamos explicar nada.
Mas meio que sentimos tudo. Forza, Anderson. O Palmeiras é mesmo a nossa maior família. E se não temos gêmeos, somos univitelinos nessa paixão multicampeã.
Nunca coube tanta gente no seu sofá.
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