Figura importante no passado recente do Palmeiras, o meia Moisés fez 139 partidas pelo clube e, logo em seu primeiro ano no Verdão, foi um dos grandes destaques na campanha vitoriosa do Brasileirão de 2016 – título que a equipe não conquistava desde 1994.
Pouco conhecido no futebol brasileiro, com passagens por Portuguesa e América-MG, o meia, na época com 27 anos estava no HNK Rijeka, da Croácia, e teve seus direitos econômicos adquiridos por 1 milhão de euros (cerca de R$ 4,29 milhões, segundo a cotação da época).
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Anunciado oficialmente no final de 2015, Moisés admitiu em entrevista EXCLUSIVA com o NOSSO PALESTRA, que já estava apalavrado com a equipe desde novembro e torceu de longe pelo Verdão na decisão da Copa do Brasil daquele ano diante do Santos.
– Eu já estava apalavrado desde o final de novembro com o Palmeiras, o Alexandre Mattos tinha me ligado e a gente já estava com o acordo. Então, nas finais da Copa do Brasil eu já era um torcedor, já estava ali torcendo pois eu já sabia que no ano seguinte estaria ali.
O meia relembrou o que o diretor Alexandre Mattos disse para apresentar o projeto da equipe, que mirava voltar ao posto mais alto do Brasileirão após um grande período de vacas magras no início do século XXI.
– Cheguei no clube em um momento de virada e a expectativa para 2016 era ainda maior. O Alexandre (Mattos) ligou para mim e perguntou se eu estava pronto para ser campeão e eu disse que sim. Foi com esse pensamento que eu fui.
O início da passagem, no entanto, teve momentos conturbados. A alta exigência da torcida em um bom momento financeiro após a conquista da Copa do Brasil fez com que Moisés iniciasse sua trajetória no Palmeiras sob críticas e inseguranças.
– Quando eu fui anunciado eu já imaginava que teria a pressão. Quando o Palmeiras anunciou meu nome teve uma desconfiança, que era natural de um clube grande. Eu sempre tive a cabeça muito boa e entendi como uma motivação extra, eu sabia do meu potencial.
INÍCIO COM GOL E LESÃO
Na época ainda sob comando de Marcelo Oliveira, que deixaria o cargo em março, Moisés fez sua estreia pelo Alviverde no Uruguai, na disputa da Copa Antel (torneio de pré-temporada). Diante do Libertad, do Paraguai, o meia entrou aos 15 minutos do segundo tempo no lugar de Arouca e anotou o segundo gol da vitória palestrina. Ao final da competição, o Verdão ficou na segunda colocação, perdendo a final nos pênaltis para o Nacional, depois de empatar em 0 a 0 no tempo regulamentar.
O primeiro grande obstáculo viria no dia 13 de fevereiro, na 4ª rodada do Campeonato Paulista, em sua estreia oficial com a camisa do clube. Na derrota por 2 a 1 contra o Linense, no Allianz Parque, o meio-campista fraturou o pé esquerdo em após receber um pisão do volante Zé Antônio e precisou ser substituído no intervalo.
– Logo na Copa Antel no Uruguai consegui fazer uma boa apresentação, fiz gol e ali começou a dar uma acalmada. Infelizmente tive uma lesão na minha primeira partida oficial, e começou uma nova pressão, falaram que o Palmeiras era um SPA […] Como muitas coisas na minha vida, rapidamente superei, me levantei e quando retornei chegou o Cuca, que já me conhecia, já tinha tido o interesse de me levar para o Atlético e ele me deu motivação e quando recuperei comecei a jogar e foi aquele ano maravilhoso.
Além de individualmente sofrer com a lesão do meia, coletivamente a equipe demorou a engrenar. Eliminado da Libertadores na fase de grupos, o Palmeiras demitiu Marcelo Oliveira e não teve um bom início com Cuca, sofrendo uma histórica goleada diante do Água Santa. Moisés destacou a presença da figura do então presidente Paulo Nobre, no papel de blindar o elenco que futuramente se sagraria campeão do Brasileirão.
– O ano começou difícil, teve invasão da torcida, imprensa pegando pesado e foi difícil. O presidente Paulo Nobre blindou a gente, fez reunião, demonstrou confiança e nos defendeu. As coisas não estavam acontecendo, mas internamente não tinha nada errado, ele nos deu essa confiança e com a chegada do Cuca continuou nessa linha.
VOLTA POR CIMA:
Com tempo para treinar sob o comando de Cuca antes do início do Brasileirão, a equipe se ajustou e embalou para iniciar o campeonato de forma avassaladora, se consolidando entre as primeiras colocações desde o início da campanha.
– Nós tivemos mais tempo de treinamento com o Cuca, o time foi ajustado e quando começou o Campeonato Brasileiro embalamos uma sequência, as coisas começaram a dar certo e conquistamos aquele título de uma forma brilhante.
Com o título ao fim das 38 rodadas e a quebra do jejum de 22 anos, Moisés entrava de vez na centenária história palestrina, como uma peça-chave do time armado por Cuca. Polivalente, atuou tanto como homem de marcação quanto como meia mais avançado. Como volante ao lado de Tchê Tchê, fazendo a função de recuperar bola e distribuir o jogo, conquistou o prêmio de melhor jogador na posição.
Por fim, Moisés comentou o peso do título, revelando ser sua conquista mais especial, mesmo após repetir a dose e ser campeão do Brasileirão novamente em 2018, mas sem o mesmo protagonismo.
– Foi a taça mais especial para mim, pela história envolvida, a forma como foi, por como o nosso time jogava. Era uma coisa prazerosa, você entrava sabendo que ganharia o jogo, muito confiante e quebrou um tabu de 22 anos, foi maravilhoso – finalizou.
Referência técnica no meio de campo da equipe e um dos ídolos da torcida, Moisés foi presenteado com a camisa 10 para a temporada de 2017. Uma nova lesão no Paulistão daquele ano causada novamente pelo volante Zé Antônio tirou o meia de combate por quase seis meses. Em seu retorno, ele marcou o gol da vitória sobre o Barcelona-EQU, pela Libertadores, levando o duelo para os pênaltis.
Ele permaneceu no clube até 2019, quando se transferiu para o Shandong Luneng, da China, por cerca de 5 milhões de euros (aproximadamente R$ 21 milhões, na cotação da época). Moisés segue no clube chinês até hoje. Em março de 2021, passando férias no Brasil, o jogador treinou na Academia de Futebol e visitou o Palmeiras.
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