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Os longos degraus de 12 de junho de 1993

Os longos degraus de 12 de junho de 1993

Depois do churrasco da apreensão que virou vitória que virou 4 a 0 que virou fim do jejum em todos os sentidos na família Farias, os pais da Lilian (que era só porquinha cósmica então), os tios, primos, cachorro, papagaio, periquito, porco, foram pra Paulista celebrar com o trio elétrico a conquista do Animal Edmundo, do Matador Evair, do Monstro do Parque Antárctica César Sampaio, do estrategista Wanderley Luxemburgo, dos campeoníssimos Zinho e Mazinho. Rima que era seleção na Via Láctea da Parmalat, de tantos apelidos criados pelo Roberto Avallone comandando a Mesa Redonda da TV Gazeta, no prédio em frente à festa.

Naquele sábado de frio eu não fiz o programa especial do título. Estava com primos e amigos naquele Dia da Paixão Palmeirense ao lado e também em cima do trio elétrico. No domingo participei do Mesa como fazia desde 1991. Mas sem voz como nunca. Ou desde 1976.

Era meu primeiro título como jornalista. Era nossa primeira festa de campeão na Paulista, tradição paulistana que começou em 1976, na invasão do Maracanã pelo rival batido há exatos (e ponha certos!) 26 anos hoje. Dez anos a mais do que nossa fila. E parece que foi ontem que ficamos séculos sem ser Palmeiras. Mesmo nós sendo ainda mais palmeirenses por 16 anos.

O pai da Lilian resolveu beber pelo jejum encerrado com Evair de ouro. Resolveu ali mesmo pagar uma promessa de “eu tô bem, sei o que tô fazendo”. Quis subir a escadaria da Gazeta de joelhos. Um degrau por título paulista. 1920. 26-27. 32, 33, 34, 36. 1940. Arrancada Heroica de 1942. 44. 47. Ano Santo de 1950. Supercampeão de 1959. 1963. 66 (ano em que nasci). 1972 invicto (primeiro título que lembro). 1974 deixando na fila os mesmos rivais que nos deixaram sair dela em 1993. 1976.

E aquele 1993 melhor do que todos os sonhos.

19 paulistas. 19 degraus da escadaria da Paulista.

Um segurança queria impedi-lo. A namorada conseguiu defendê-lo ali. Conseguiu um “sim” do segurança. Um ano antes de ela dizer sim para ele, ele pra ela, e viverem felizes desde então.

A promessa naquela escadaria da Gazeta todo dia é refeita pela filha daquele amor. Lilian estuda na Cásper Líbero 26 anos depois. Não precisa pagar promessa. Mas o amor dos pais pelo Palmeiras passou pra ela. A promessa de festa agora é procissão de fé profissional. Tudo em nome do amor pelo Palmeiras que a levou a amar o ofício.

“Pode ser acaso ou destino, mas eu mesma prefiro não dizer nada. Só que o Palmeiras está no meu caminho e na minha estrada da vida antes de eu nascer”.

Em nome da Lilian e de tantos apaixonados naquele Dia dos Namorados, obrigado, Sérgio, Mazinho, Antonio Carlos, Tonhão, Roberto Carlos, César Sampaio, Daniel Frasson, Zinho, Edilson, Edmundo, Evair e Luxemburgo. Nossos eternos campeões.