Poucos jogadores se adaptam com tamanha facilidade ao chegar em um novo clube. Murilo e Palmeiras é um desses raros casos de casamento perfeito. Em entrevista exclusiva ao NOSSO PALESTRA, o zagueiro falou a respeito da sua relação com o Verdão.
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Questionado sobre a expectativa de defender a Seleção Brasileira no amistoso contra o Marrocos, previsto para acontecer no dia 25 de março, o camisa 26 do Palmeiras não escondeu a frustração de não estar na lista.
– Quem deu a notícia foi o Abel. Assim que acabou o treinamento, já tinham soltado os convocados, e o Abel nos reuniu. Quando ele soltou ali, eu meio que estava prevendo, sei lá… falar o meu nome. A hora que ele começou a falar, estava bem ansioso por querer muito essa convocação. Acho que é tudo na hora de Deus. É claro que eu queria muito essa convocação, mas eu tenho fé e acredito que, no momento certo, estarei lá e vou representar com a camisa do Brasil – comentou, falando sobre o sentimento em relação aos companheiros convocados.
– Fiquei muito feliz com os meus companheiros (Weverton, Raphael Veiga e Rony), principalmente com o Rony. Ele é um amigo que eu tenho e admiro muito pela luta, pela história de vida dele. Tudo o que a gente passou é muito parecido. Fico muito contente por todos eles, pois estão buscando isso há bastante tempo e merecem muito – completou.
Diante das críticas a respeito da diretoria do Palmeiras e ausência de reforços na janela de transferências, Murilo detalhou sua relação com Anderson Barros e elogiou os companheiros de elenco.
– O Anderson Barros é a melhor pessoa possível. Ele se dá bem com todos os jogadores. Todo mundo tem um respeito muito grande pelo profissional que ele é, pela pessoa. No dia a dia, é top demais a nossa relação com ele. Além disso, a gente nem comenta sobre reforços. Sabemos do nosso papel, do que temos que fazer. Confiamos plenamente nos profissionais que a gente tem, nas figuras do Anderson e Abel. Nosso papel é só jogar e ajudar o Palmeiras a ser campeão.
Logo em seu primeiro ano pelo Palmeiras, Murilo já se tornou o zagueiro com mais gols pelo clube em uma única temporada, ao lado de Gustavo Gómez – ambos marcaram 11 vezes. O camisa 26 contou como lidou o período de seca no Cruzeiro e, inclusive, uma técnica – no mínimo, curiosa – que aprendeu para cabecear melhor.
– Desde quando eu fiz a minha estreia pelo Cruzeiro, sempre quis fazer um gol. E passei mais de dois anos sem fazer nenhum gol. Então, foi aquilo que me acendeu a vontade de trabalhar mais. Cheguei até bater cabeça no armário para conseguir fechar o olho na hora certa. Eu falei: ‘estou batendo cabeça em armário, não vou cabecear uma bola?’. Então, fiz esse treinamento… foi até um amigo meu que me indicou. (risos) Resolvi fazer para conseguir atacar a bola assim que ela viesse. Então, a hora que a gente começa a bater a cabeça no armário, a gente vê que não é uma dor grande. A partir daí, para mim, facilitou muito. Isso porque eu fechava o olho muito antes da bola chegar, então não direcionava muito bem. Depois desse treino que eu fiz de bater a cabeça no armário, melhorei muito. Depois desse tempo que me cobrei muito, foi na Rússia que ganhei a confiança após fazer o primeiro gol como profissional. Depois disso, quando eu cheguei ao Palmeiras, com toda a estrutura do Castanheira, que é quem treina as bolas paradas… facilitou muito. Além do Gustavo Scarpa, que era um fenômeno batendo faltas e escanteios – completou.
Há pouco mais de um ano vestindo a camisa do Palmeiras, Murilo já conquistou quatro títulos pelo Verdão – Paulista, Brasileirão, Recopa e Supercopa do Brasil. Segundo o zagueiro, a boa relação com os companheiros foi fundamental para que as boas atuações e ‘canecos’ chegassem.
– Para mim, foi excelente. Quando completei um ano de Palmeiras, fiz um tuíte falando que foi a melhor escolha da minha vida. Então, sem dúvida, foi a melhor escolha da minha vida. Quando eu voltei para cá, foi uma situação muito rápida. Estava em Salvador quando o Cícero me ligou. Vim logo para São Paulo e fiz os exames. Graças a Deus, deu tudo certo. Foi um momento que me senti em casa, logo que eu cheguei. Me dei bem com todos os jogadores, todo mundo me ajudou e apoiou muito. Isso facilitou muito para tudo acontecer naturalmente quando eu estava em campo, com muito esforço e trabalho no dia a dia. Graças a Deus, tenho feito isso nos jogos ao lado de todo o grupo – finalizou.
Com Murilo à disposição, o Palmeiras volta a campo já neste domingo às 16 horas (de Brasília) no Estádio Brinco de Ouro da Princesa. Caso some três pontos diante do Guarani, o Verdão garante a primeira posição geral no Paulista e decidirá todos os jogos do mata-mata da competição em casa.
Abaixo, confira outros trechos da entrevista:
P: Expulsão na semifinal da Libertadores de 2022. Como foi aquele momento e, principalmente, o processo da sua volta por cima?
R: Foi o dia mais triste da minha vida. Não só da minha carreira, mas da minha vida. Aquele dia foi muito ruim para mim. Sou um cara que me cobro muito, que estou todos os dias 100% presente no futebol. Doido, querendo ganhar… E meus familiares viram que eu estava muito desanimado, triste. Foi graças a eles que eu não desanimei, até porque vem sempre aqueles pensamentos de desistir e não querer mais nada com nada. Então, foram eles que me fortaleceram, me deram a mão no momento em que eu estava cabisbaixo. Eles conseguiram, de novo, me dar energia para que eu pudesse dar continuidade no meu trabalho. Tanto que, depois desses lances, eu consegui ter uma boa sequência no Brasileirão. Deus planeja uma coisa na sua vida para você suportar e ser forte para caramba, pois você ainda vai colher tudo isso.
P: Pênalti decisivo nas quartas de final da Libertadores contra o Atlético-MG:
R: Foi surreal. Não tiro aquele momento da minha cabeça por nada. Está gravado no meu coração, sem dúvida nenhuma. Quando um jogador foi expulso e depois o outro, a gente estava muito confiante. A gente sabia o que tínhamos que fazer. Sabíamos que não sofreríamos um gol. Tanto que a conversa era: ‘Vai ter uma bola parada e nós vamos fazer gol’. A gente sabia que não sofreria gol, pois estávamos na disciplina. Tava todo mundo se doando. E não conseguimos fazer o gol de bola parada. Tinha uma oportunidade de bola parada no finalzinho, mas o juíz apitou. Eu falei: ‘Era aquela bola’. (risos) Aí depois, nos pênaltis, tava todo mundo confiante. Todos nós fomos para a bola concentrados. Aí, teve a sexta cobrança… a gente imaginava que acabaria nas primeiras cinco. O sexto cobrador ainda não estava certo quem seria, aí me perguntaram: ‘vai você?’. Estava muito confiante na hora e, quando eu fui andando até lá, não passou nada na minha cabeça. Quando eu fui pegar a bola, já sabia onde ia chutar. Graças a Deus, deu tudo certo.
P: Você se vê como uma liderança dentro do elenco?
R: Acho que sou uma liderança mais visual, como trabalhador. Tem a liderança de falar e se posicionar, o que não é muito meu caso. Quem mais faz isso é o Weverton, até mesmo antes dos jogos. Mas, no dia a dia, sempre dou o meu melhor para passar o exemplo.
P: O que você passa aos jovens que estão demorando para engrenar no elenco?
R: Tento passar para eles terem calma e tranquilidade. Às vezes você quer fazer tudo muito rápido, de uma vez só. Dessa forma, você acaba se atrapalhando e não sai exatamente da forma que você queria. No dia a dia, também, é fundamental para as coisas fluírem. Claro que todo mundo tem sua história. Eu mesmo já tive momentos de adaptação em outros clubes que não foram tão rápidos quanto no Palmeiras. Cheguei no Palmeiras mais amadurecido, já sabendo o que precisava fazer para conseguir jogar. Trabalhei muito nas férias, quando estava lesionado na Rússia e optei por abrir mão de tudo. Não viajei, não fiz nada… só me dediquei ao meu treinamento. Então, quando tive a oportunidade de vir para o Palmeiras, já estava preparado. Já estava treinando e muito bem fisicamente e mentalmente. Isso facilitou muito na minha adaptação.
P: Relação com Endrick. Você tem conversado com ele, tentando tirar essa pressão dele?
R: Converso, sim, com o Endrick. É um amigo que eu tenho um carinho muito grande. A gente está junto no dia a dia. Tentamos sempre estar sorrindo, pois sabemos que os momentos bons virão naturalmente. Então, não adianta estar com o pensamento negativo ou tristes. A gente tem sempre esse pensamento… sempre estamos um zoando um ao outro. Venho conversando com ele, pois ele é um moleque muito novo que vai amadurecer muito ainda. Esses processos que ele vem passando são naturais para um jogador do nível dele. Até falei para ele que nem eu ou outra pessoa do Palmeiras tem dimensão do que ele está passando, pois se trata de um jogador muito jovem e de nível extraordinário. A pressão que um jogador desse nível sofre, eu não vou saber falar para ele. Cada um tem o seu nível de crítica, de pressão. Então, tudo o que ele está passando, vai servir de aprendizado. É o que ele tem que passar para se fortalecer cada vez mais. Quando ele passar por esse processo e aprender a suportar isso, ele vai se fortalecer cada vez mais. Dessa forma, ele estará preparado para todas as outras coisas que vão acontecer na vida dele.
P: Qual a sensação de vencer o Flamengo na Supercopa do Brasil?
R: O jogo foi difícil. Sabíamos a dificuldade que seria enfrentar um adversário de alto nível. Foi um grande jogo para todos que estavam assistindo. Foi um dia abençoado não só para o Gabriel Menino e Veiga, que fizeram os gols, como para todos nós. O Rocha salvou um lance que foi muito importante, quando ele tirou a bola do Pedro. Então, todos nós estamos de parabéns. Foi muito bom para mim, que cheguei ao meu quarto caneco pelo Palmeiras. Com fé em Deus, vai vir muito mais.
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