Foto: César Greco/ Ag. Palmeiras/ Divulgação
Reativo, compacto, seguro e cirúrgico. Mantras de um elenco que brigou por tudo o que disputou e venceu o mais longo dos torneios. O plantel que tanto foi usado por Luís Felipe Scolari no ano que se encerrou, está maior e mais robusto para uma grande gama de novas possibilidades táticas e técnicas.
A começar pelo princípio básico de um jogo de futebol: chutar.
O decacampeão brasileiro, segundo o índice FootStats, foi a equipe mais proeminente nesse quesito, no campeonato nacional com 43.6% das finalizações sendo efetivas no gol adversário. Um número que leva ao termo base de que a quase cada duas tentativas de finalização, uma vai em direção à meta.
Miguel Borja, o artilheiro da equipe em 2018, tem números modestos no quesito. Em 16 jogos pelo BRzão, o colombiano teve aproveitamento de 34%, finalizou 32 vezes, o que equivale a duas tentativas a cada jogo de futebol. Deyverson, o queridinho da centroavância, está um tanto acima, com 57.1%, números que quase o fazem liderar esse índice junto aos camisas 9, mas que ao lado de Borja, mostram que há uma baixa quantidade de tentativas por parte dos fazedores de gols, ambos não passam de dois chutes, em média, por jogo.
Reforços no campo e na planilha
Zé Rafael vem do Bahia com números muito importantes. O meio campista polivalente, como aponta seu ano, atua em toda a região central do gramado. Desde as pontas de maneira mais aguda em campo até a organização e funcionamento da equipe. O novo reforço de Felipão chega com o segundo melhor número de finalizações em 2018. Com média de 3 tentativas por jogo, deve acrescentar muito no poderio de fogo no Palmeiras versão 2019, afinal, seus indíces de efetividade só não são melhores que as do jovem Lucas Paquetá, do Milan/ITA. Importante dizer que Zé também está entre os 15 jogadores que mais desarmaram no campeonato. Polivalência!
Arthur Cabral é a sombra para a vaga de matador alviverde e já chega ostentando estatísticas poderosas. Com 30 gols em 83 partidas, o jovem de 20 anos tem a maior efetividade entre os concorrentes pela vaga no time alviverde. Unindo potencia física, estilo Borja, finalização muito forte e alta intensidade pelo alto ou em disputas de bola, ao melhor estilo Deyverson, Cabral pode ser a opção mais completa ao ataque que sempre se viu às voltas com dúvidas sobre qual característica seria mais importante em cada jogo.
Campeão, mas..
O rodízio que fez tanto sucesso na mão de Felipão tinha um ponto de desencontro, um problema crônico, quase incurável. As opções de jogo pelas pontas, os jogadores de velocidade que alargam a defesa rival, que oferecem o duelo individual, que buscam a linha de fundo, que bagunçam uma defesa através do drible. Era Dudu. E Dudu. Willian que se desdobrava e fazia de tudo. E mais Dudu. Era preciso ter mais, diversificar, variar, acrescentar.
Em tese, foi feito.
Vem da Europa, com passagem relevante pela Alemanha e mais recentemente pela Austria, um jogador de características extra repeteco no elenco estrelado. Felipe Pires, quase 1,80m de altura, 23 anos e beirada. Drible, passadas largas, pouca firúla, condução ágil e bom arremate. Alguém de boa fé poderá compará-lo com o finado Roger Guedes e estará com certa razão. Felipe tem média próxima aos 50% e efetividade nos dribles tentados, em 2018. Com bom porte físico, o destro ponta poderá ser boa reposição para Dudu, que deve permanecer e por óbvio, absoluto titular. Ainda o torcedor deverá notar que o novo atacante tem bom arremate de cabeças e se vale com frequência dos chutes colocados de média distância.
E tem mais, como deveria ser.
Com o aval do treinador e com as críticas dos números, Carlos Eduardo é a aposta maior dessa janela. Com cifras superiores aos 20 milhões de reais e mau desempenho na última temporada, pelo Pyramids, do Egito, o atacante chega sob o dedo do professor e a crença nas caracteríticas que o fizeram sair do Brasil com status de grande promessa. De agilidade ímpar, o ponta tem no drible, seu ponto mais importante. Com efetividade de drible superior aos 65%, ainda pelo Goiás, na série B do Brasileirão, Cadu se assemelha ao futebol do xodó alviverde, Keno. Deve ocupar a vaga deixada pelo contundido Willian, no onze incial de Felipão. Velocidade, incisão e ousadia não costumam faltar ao novo contratado.
Sinteticamente, as novidades pelas extremas do ataque palmeirense podem vir a gerar sistemas novos de funcionamento. Até hoje, sob o comando de Felipão, a equipe nunca praticou um futebol em que as duas laterais tivessem atletas substancialmente agudos. Dudu tem viézes de quem também arma pelo meio, Willian tem a tendência de fechar na pequena área para finalizar. Scarpa e Hyoran são meias, não buscam o confronto individual. Felipe e Carlos Eduardo tem essa possibilidade de oferecer o jogo de velocidade pelo lado, buscando a assistência, a sobrevalência no um contra um e até dando a Dudu a chance de ser um meia, de fato. Alternativas valiosíssimas para um elenco já poderoso.
Poderoso, inclusive, no coração da equipe.
Com a armação abarrotada de opções, a incluir Rapha Veiga, top 20 assistências e finalizações em 2018, a vaga de volante ainda carecia de uma alternativa que mesclasse a robustez de Thiago Santos com a técnica de Felipe Melo. O Palmeiras buscou uma peça que demonstra reunir essa condição: Matheus Fernandes.
Alto, como os concorrentes, mais veloz que ambos, o jovem de 20 anos chega com excelente número de desarmes seguidos de passes certos, índice superior à Felipe e Thiago, ainda que o Pitbull passe com mais eficiência, de forma geral. Com semelhança física a Tchê Tchê, ex-alviverde, o volante tem passadas largas, tenta chutes de longa e média distância com boa frequência. Pelo Botafogo, fez um gol e deu duas assistências, pelo BR18. Sem dúvidas, uma nova possibilidade de organização central e vigor físico ao já competente duo de volantes.
Encorpado, o elenco de Felipão recebe acréscimos pontuais e necessários para variar um esquema que funcionou, mas parecia imutável, de poucas mudanças. A zaga ainda pode carecer de um terceiro nome incontestável, mas a volta de Juninho pode ser útil ao treinador. Erik volta após bom final de ano pelo Botafogo e também pode pavimentar vaga entre as opções velozes desse novo velho Palmeiras.
O que não falta, meu amigo, é boa opção.
2019 promete.