O Palmeiras já tratava internamente o jogo contra o Flamengo como um duelo a ser vencido, mas em caso de dificuldades circunstanciais, o empate era, sim, negociável. E isso não é uma grande surpresa ou exclusividade. Era uma conta simples de manutenção de vantagem e um breque num Flamengo que vinha em franca ascensão. Fazia sentido empatar caso a vitória não fosse possível. A missão foi bem cumprida.
É romântico demais pensar que a vitória era o único resultado possível, e eu justifico meu ponto. Veja como reagiram palmeirenses e flamenguistas pós apito final. Cariocas cabisbaixos e cientes que agora nada poderiam fazer caso o Palmeiras não falhasse, no mínimo, três vezes e eles fossem 100% perfeitos no resto do campeonato. Os paulistas saíram com a sensação de que uma rodada a menos há na luta pela décima primeira. É esse, o diagnóstico.
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Papo sério, aqui. O Flamengo reserva é bom e o titular também. O misto seria ótimo, ainda assim. Dorival assumiu sua posição ao segurar seus principais ativos de ataque, mas lançou João Gomes, um belíssimo exemplar de volante, bem como Maia, Cebolinha e o destaque Ayrton Lucas. E essa posição gera consequências interessantes. Um time sem responsabilidade, leve e que atiraria sem muito receio sobre um Palmeiras ainda mais exigido.
Em casa, contra reservas: a suposta obrigação de vencer. Esse cenário logo se traduziu em vantagem com a lambança da defesa verde e o gol de Victor Hugo. No segundo tempo, ciente de a derrota era um prejuízo muito maior do que simples – nem tão simples assim – 3 pontos perdidos, o Verdão veio para definir a situação. Intenso, veloz e querendo muito, amassou o Flamengo durante minutos ininterruptos e chegou ao gol com Veiga, que precisou de uma impedido e outra legal para empatar.
E mesmo com o ‘esquadrão de choque’, e haja paciência para bairrismos em transmissões nacionais, o Palmeiras se portou como deveria. Sem sofrimentos agudos e com a chance de vitória nos pés de Wesley – esse um tópico a ser pontuado: o risco de ter jogadores com poder de decisão muito questionável dentro de um jogo de alta relevância. Hora mais, hora menos, eles vão ter a bola da partida e fatalmente farão mau uso dela.
Abel Ferreira é um treinador doutro nível, se comparado ao que temos pelo futebol brasileiro. Não por demérito dos feitos em casa, mas pelo produto escasso que o português tem em mãos e como ele o faz render. Ao olhar pro banco do duelo do último domingo, é clara, a distância. Mas Abel é capaz de encurtar, quase zerar e muitas vezes fazer suas peças atingirem níveis que eles nem acreditavam que poderiam viver e apresentar. O comandante é de aço.
E o Palmeiras é o líder. Com 9 sobre o Flamengo, que precisa pensar nas Copas. E com 10 sobre o Corinthians, que já entendeu pelo que brigará nesse torneio. E com 8 do Fluminense, o atual vice e próximo adversário do Verdão – uma pedreira, do time que não liga pra isso. Que supera. Que passou por agosto com muita fibra e sobrevivendo, e abrindo, e conquistando. Que mira por um setembro ainda mais verde. Com muita garra e com vontade.
Não é o melhor, mas é quem mais quer. Não é o mais rico, mas é o que mais luta. Não é o mais brilhante, mas é o que mais tenta. Não é o que mais exaltam, mas é o mais apoiado por sua gente. Não é o mais bonito, mas é o mais dedicado. Não é quem todos gostariam de ver, mas é o Palmeiras, que cresce nos dias difíceis e faz aquilo que precisa fazer. Não importa como for, nem sobre quem for, mas é sobre cuidar do que é possível controlar: o que fazemos.
Faltam 15.
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