Opinião

Mauro Beting: Prass sempre

Confira o texto de Mauro Beting em homenagem a Fernandro Prass, goleiro e ídolo que honrou o manto do Palmeiras entre 2013 e 2019

Em Prass, o abraço que representou o carinho da torcida alviverde (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
Em Prass, o abraço que representou o carinho da torcida alviverde (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Mauro Beting: Prass sempre

Quando o gol de ouro de Neymar deu a medalha olímpica no Maracanã, mandei o zap da foto para o goleiro que tinha que estar ali na meta da Seleção. O mais velho estreante convocado, aos 37. E para um escrete de idade restritiva.

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A dor de cotovelo dele foi por amor. E doeu em cada palmeirense que ainda não sabia que daria o abraço que Jailson deu por todos nós na tarde do enea, no final daquele 2016. Palestrino que ainda não sabia que naquele Maracanã olímpico estava o substituindo o futuro sucessor no Brasil olímpico e no Palmeiras de voltas olímpicas em São Januário em 2018, e na glória eterna do Maracanã em 2020. O Paredão Weverton.

Não sabemos nada. Mas seremos mais em qualquer campo se quisermos saber dentro e fora de campo como Prass. O goleiro que não era tão bom quando pintou no Grêmio do coração. O goleiro que agora pendura as luvas no Ceará ainda melhor como ótimo defensor de pênaltis. Ainda mais contra o maior rival, em Itaquera, nos dois lados, no SP-15. Ou no lado que cantou pra Lucca em 2016, no Dérbi de tirar o chapéu.

De tanto catar como faria contra o Rosário em 2016, Prass deu de bater o pênalti do tri da Copa do Brasil meses antes. Marco do ressurgimento palmeirense. E da idolatria por alguém que levou o mais querido abraço do invicto Jailson em 2016 quando sarou antes do tempo.

Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Agora ele não vai voltar mais a campo. Pendurou as luvas que doou ali no Gol Sul ao Gio que só o queria ver em campo pela primeira vez, na semi contra o Flu, em 2015.

Fernando Prass agora é história. A que ele fez em 2015 nos pênaltis contra o Corinthians que era mais time. Mas não foi mais do que o Palmeiras defendido contra Elias e Petros.

“Acabou”, falou o goleiro antes da defesa sensacional. E agora acabou mesmo o que bem começou e terminou.

Eu não me ajoelho para agradecer Prass. Eu pulo como na foto em 2015 nos estúdios do Fox Sports. E me emociono sempre quando lembro o presidente Tirone dizendo algo para me animar no velório do meu pai: “contratamos um goleiro depois de 19 anos: Fernando Prass!” Foi a única boa nova naquele dia de 2012.

Mas não imaginava que seria eterna pelo tempo que dura. Parece até o Palmeiras. Parece mais um goleiro da nossa Academia. Parece mais um exemplo raro do futebol. Como contou o parceiro Henrique Mazzei quando o viu cancelando a folga para treinar pelo Vasco:

– Eu não tenho o dom. Eu preciso trabalhar para ser goleiro.

E como trabalhou o cara que nesta quinta descansou. Como ele se transformou em goleiro muito acima da média. Sem o dom. Apenas doação.

E palavra. Em 2012 acertou com o Palmeiras o contrato mais correto. O verbal acima da verba. Mas veio o Grêmio do coração e do DNA. Proposta melhor em tudo. Para jogar as partidas que sempre sonhou e nunca jogou pelo time da família.

– Não. O desafio no Palmeiras é maior.

Não apenas era. Era a palavra empenhada para ajudar a reerguer um gigante caído na Série B. Enquanto um fez o caminho inverso para jogar a Libertadores e o outro o pai não quis que viesse para um time então por baixo, o goleiro do Vasco foi apresentado ao Palmeiras no dia seguinte à festa de despedida de São Marcos.

O servo de Deus Fernando.

Fernando também Prass quando chegou ao Vasco. Fernando que conseguiu nas máximas penalidades e nas máximas defesas defender o novo clube com a mesma correção e brilho com que se expressa e com que nos defendeu.

Prass que merecia mais atenção quando deixou o Palmeiras em 2020. Prass que merece a partir de 2021 todas as homenagens por ser um exemplo de um cara correto que defende o clube e a categoria com a mesma classe.

No traço do amigo Dani, o abraço imaginário de Oberdan é de toda a Academia de anjos guardiões palestrinos. De todos os palmeirenses que o abraçam como ele abraçou a nossa causa, casa e as boladas alheias.

Foto: Daniel Resende (@danirarte)

Mais do que o mosaico de 2015, Prass foi mágico pelas mãos que trocaram nossos pés. Pelo pé que nos fez tocar a glória naquela final que foi o recomeço deste Palmeiras.

Obrigado por assumir a bronca. Desculpe pelas nossas broncas. E venha agora sempre na arquibancada onde você é mesmo um ícone.

Prass sempre.

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